Bancos de desenvolvimento em todo o mundo estão se reinventando, diz Levy
Vinicius Neder
Rio
12/12/2018 19h25
"As discussões de hoje (no evento do Cebri) foram bastante importantes. O papel dos bancos de desenvolvimento foi bem discutido. Sob diversos aspectos, todo mundo concorda que o objetivo não é substituir agentes, mas trabalhar em parceria com o setor privado", afirmou Levy.
Sem dar muitas sinalizações sobre qual será o papel do BNDES na política econômica do futuro governo Jair Bolsonaro, Levy reforçou a importância de abrir espaço para o setor privado. "Hoje vivemos um momento em que a busca por competitividade, pela concorrência, pela abertura da nossa economia, para dar espaço para o setor privado respirar, para as empresas pequenas e médias poderem trabalhar, é uma obrigação de qualquer pessoa que esteja se dispondo a participar do serviço público", afirmou Levy.
Segundo o futuro presidente do BNDES, "nosso papel em termos de desenvolvimento é ajudar nos aspectos mais estruturais e fundamentais, como educação, e, junto com o resto do governo, criar as condições para que as pessoas possam desenvolver suas atividades".
Para Levy, que deixou o posto de diretor financeiro do Banco Mundial, em Washington (EUA), para assumir o BNDES, os atuais desafios da economia global exigem que a maioria dos bancos de desenvolvimento se reinvente. O ex-ministro da Fazenda destacou as inovações financeiras como parte dessa reinvenção.
O BNDES já estaria nesse caminho, segundo Levy. "Essa é uma experiência universal dos bancos que vão se reinventando. Certamente, é o que o BNDES já iniciou, é o que ele fez a vida toda e o que nós devemos continuar", disse o futuro presidente do banco.
Levy disse ainda que chamou sua atenção, entre as discussões ao longo do dia no evento do Cebri, o entendimento do papel dos bancos de desenvolvimento em dar prioridade a temas como sustentabilidade e educação. "Em particular num país como o Brasil, que tem um setor agrícola extremamente importante, temos que estar atentos às condições ambientais", afirmou.
Sem citar diretamente a participação diplomática do Brasil nas discussões em torno dos acordos para redução de emissão de gases que provocam o aquecimento global, cuja posição atual é criticada pelo futuro chanceler, Ernesto Araújo, Levy relatou a experiência do Banco Mundial, que leva em conta, em seus empréstimos, "o impacto de eventos climáticos extremos", especialmente nos países mais pobres.
Ao encerrar o discurso, o futuro presidente do BNDES falou em transparência e acenou para o corpo técnico do banco. Segundo ele, o "elemento de transparência" vai ficar cada vez mais importante. Levy defendeu a parceria com "todos os órgãos que promovem a transparência no Brasil" e disse que o BNDES já iniciou um trabalho nesse sentido.
"Quero continuar nesse caminho, inclusive para dar a segurança e o conforto a todo o corpo técnico, que é extraordinário, para a gente poder realizar os sonhos que as pessoas daqui e fora daqui têm de um Brasil melhor", afirmou Levy.