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IGP-DI deve acelerar e ficar perto de zero em janeiro, prevê FGV

Maria Regina Silva

São Paulo

08/01/2019 12h31

Após atingir o nível mais baixo desde o Plano Real, em 1994, com queda de 0,45%, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) pode acelerar um pouco mais em janeiro. A avaliação é do economista e pesquisador André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). "A tendência é que migre para o terreno positivo, mas ainda pode ficar baixo, na faixa de zero, se o dólar não mudar tanto, ficar acomodado", estima.

A queda de 0,45% do IGP-DI em dezembro, após -1,14% em novembro, foi influenciada pelo declínio de 0,82% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que cedeu 0,82% ante -1,70%. Em contrapartida, houve avanço no varejo, com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) indo a 0,29% após recuo de 0,17% no penúltimo mês do ano.

"Os IGPs subiram muito por causa da desvalorização cambial, em torno de 20%, mas estão devolvendo esse impacto. O dólar mais baixo dá mais tranquilidade ao IPA, cujos itens têm mais ligação com o desempenho da moeda", avalia.

No atacado, as matérias-primas brutas tiveram queda de 1,38% em dezembro, depois do declínio de 1,59% em novembro, enquanto os bens intermediários cederam 1,74%, ante 2,44%. "Caíram menos e os bens finais, que mais se aproximam do consumidor, aceleraram a 0,62%, depois da retração de 1,01% em novembro", diz.

A tendência, afirma, é que os preços ao consumidor também ganhem força, já que em janeiro há uma gama de reajustes que impactam os IPCs, caso de gastos com mensalidades e material escolar e aumentos com tarifas de transporte público.

A despeito dessa pressão, o economista acredita que o quadro inflacionário ficará sob controle. Conforme ele, a expectativa é que o IGP-DI caminhe para encerrar este ano mais próximo da projeção em torno de 4,00% da taxa de inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "A alta de 7,1% do IGP-DI de 2018 equivale a praticamente o dobro do esperado para o IPCA do ano passado,, de cerca de 3,80%. Isso deve-se à forte desvalorização cambial, de cerca de 20%. Neste ano, contudo, o IGP-DI deve ficar mais perto do esperado para o IPCA, na faixa de 4,00%", estima.

Apesar da possibilidade de a retomada econômica impulsionar a inflação, à medida que pode permitir repasse de custos, se o dólar continuar com alta moderada e as commodities, com preços tranquilos, os IGPs devem ficar com desempenho que não gerará preocupação. "Vai depender da taxa de câmbio. Mas se tiver uma economia mais estável, os IGPs podem ficar mais próximos ao IPCA."