Dívida das empresas cai 17,7%, mas investimento ainda deve demorar
Com a retomada, mesmo que discreta da economia em 2017 e 2018, as companhias não apenas conseguiram reduzir o endividamento total, como ampliaram a capacidade de pagar as dívidas que ainda restam. Parte dessas empresas conseguiu alongar suas dívidas por meio de renegociações com credores e venda de ativos, reforçando seu caixa. Os dados da Economática compilam 267 empresas listadas na Bolsa, que somaram faturamento líquido de R$ 1,4 trilhão nos nove primeiros meses de 2018.
Segundo o diretor da agência de risco S&P Global, Diego Ocampo, as companhias hoje estão com uma posição financeira "mais sólida". Com a geração de caixa atual, elas levariam, em média, 2,7 anos para pagar suas dívidas, mostra um levantamento da agência. Há dois anos, o índice era de 2,99 - ou seja, o risco de calote era maior.
A mudança no perfil de endividamento, no entanto, não deve se converter imediatamente numa retomada de investimentos, tanto pela posição mais cautelosa das empresas quanto pela capacidade ociosa - herança da recessão prolongada. "Embora as empresas estejam em um momento 'pé no chão', algum investimento será necessário para recuperar a capacidade ociosa. Será um processo gradual", diz Eduardo Seixas, diretor da consultoria Alvarez & Marsal.
Trabalho a fazer
Apesar da melhora no perfil da dívida, os dados da Economática mostram que, quando Petrobrás e Vale são excluídas da conta, os débitos de todas as empresas listadas na Bolsa brasileira somavam R$ 550 bilhões em setembro de 2018 - queda de apenas 2,5% em três anos. Isso, segundo analistas, mostra a necessidade de as companhias seguirem atentas ao endividamento, principalmente em meio ao processo de retomada de investimentos.
Segundo Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economática, as dívidas não caíram mais no último ano por causa do efeito do dólar, que subiu 17% de janeiro a setembro. Ele ressalta ainda que o tamanho dos débitos não é necessariamente um problema para as empresas - desde que sejam bem administrados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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