Siderúrgicas pressionam MME ante impasse de oferta de minério após caso Vale
Lopes ressaltou que a prioridade hoje é evitar novos rompimentos, desta forma o consenso é de retomar a operação de barragens com tecnologias diferentes da que se rompeu em Brumadinho. "Na nossa visão, as unidades a montante deveriam ter uma decisão de descomissionamento até 2021. Já as barragens em atividade deveriam ser descomissionadas até 2023". Já há um norte que já foi dado", disse, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
A certificação de uma empresa internacional para avaliar as barragens foi apontada por Lopes como uma forma de evitar o que ele chamou de "canetada" de alguns órgãos sobre a atuação da Vale. "Por causa de toda a emoção que foi criada com a tragédia, ninguém assume a responsabilidade de atestar nada. Fica todo mundo com receio. Há uma guerrilha do Ministério Publico, órgãos ambientais, que até por próprio desconhecimento acabam fechando barragens que não deveriam ser fechadas", disse. O encontro com o ministro reuniu o Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e contou com a presença de representantes da Usiminas, Gerdau e Arcelor, entre outras.
Além da demanda de uma fiscalização externa, os executivos das siderúrgicas pleitearam a retomada das operações em Brucutu e do processo de pelotização em Vargem Grande - sem a parte das barragens, por causa do modelo a montante. "Se isso não for resolvido, falta minério, falta pelotas. O setor não pode parar. Se você tiver o desabastecimento, seja de minério ou pelotas, a consequência é que você é obrigado a parar o forno. E se você abafar o forno, para a usina siderúrgica", disse.
A cadeia já havia se reunido há 20 dias com uma equipe do Ministério de Minas e Energia. No encontro de agora, desta vez também com o ministro, Lopes afirmou que Albuquerque se mostrou bastante solidário e determinou a criação de uma força tarefa com imediata incumbência de definir prioridades e implementar ações que corrijam tais pendências. Não foram definidos prazos, mas a estimativa é que o grupo volte a se reunir ainda na semana que vem.
Na semana passada, a Vale apresentou seus resultados do quarto trimestre de 2018 e projeções para a produção em 2019 - cujo efeito negativo esperado decorrente de Brumadinho é de cerca de 92,8 milhões de toneladas. O maior impacto, de 40 milhões de toneladas por ano, será na Mina de Feijão e nos complexos Vargem Grande e Fábrica. Outros 30 milhões de toneladas por ano de minério de ferro deixarão de ser produzidas na mina de Brucutu. A produção de pelotas também foi prejudicada, segundo a Vale, em 11 milhões de toneladas por ano, como resultado da paralisação das unidades de pelotização de Fábrica e Vargem Grande.
A Vale tem forte representatividade para o setor siderúrgico no Brasil. Segundo Lopes, 46% de todo o minério usado na produção de aço nacional tem origem na Vale, contra 47% com origem na produção das próprias siderúrgicas e 7% de outras fontes. "Quando você vai para as pelotas, produto de maior valor agregado, a situação é mais complicada. Apenas 3% das pelotas usadas são de fabricação própria das siderúrgicas e 90% vem da Vale", afirmou. "A decisão de fechamento de várias barragens da Vale e a consequente paralisação do processo produtivo, seja no minério ou pelotas, tem ocasionado um grau de preocupação enorme para o setor".
Depois do rompimento da barragem em Brumadinho, a Vale tem sofrido uma série de revezes na Justiça que afetaram suas operações em unidades que não utilizam da tecnologia a montante e, segundo especialistas, não apresentam risco. No mercado, a maior incerteza envolvendo a empresa hoje é o futuro na Justiça.
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