Dados sugerem probabilidade relevante de queda no PIB no 1º tri, diz BC na ata
"O arrefecimento da atividade observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019", reconheceu o documento. "A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego", destacou o BC.
O BC lembrou que os indicadores do primeiro trimestre induziram "revisões substantivas" nas projeções de mercado para o crescimento do PIB em 2019. A expectativa de expansão da economia em 2019 recuou pela 11ª semana consecutiva e passou de 1,49% para 1,45%, conforme o Relatório de Mercado Focus da segunda-feira, 13. Há quatro semanas, a estimativa de crescimento era de 1,95%.
"Essas revisões refletem um primeiro trimestre aquém do esperado, com implicações para o 'carregamento estatístico', mas também embutem alguma redução do ritmo de crescimento previsto para os próximos trimestres", acrescentou o Copom.
Retomada adiante
Ainda assim, o colegiado considerou que, apesar da interrupção no processo de recuperação gradual da atividade econômica, o cenário básico do BC contempla sua retomada adiante.
O Copom voltou a argumentar que a economia brasileira sofreu diversos choques ao longo de 2018 (greve dos caminhoneiros, incertezas eleitorais, ente outros), que produziram "aperto relevante das condições financeiras".
"Embora tendam a decair com o tempo, seus efeitos sobre a atividade econômica persistem mesmo após cessados seus impactos diretos. Os membros do Copom avaliam que esses choques devem ter reduzido sensivelmente o crescimento que a economia brasileira teria vivenciado na sua ausência e que alguns de seus efeitos ainda persistem", continuou a ata.
Para os membros do colegiado, além desses choques, incertezas futuras também têm efeitos sobre a atividade econômica, sobretudo as incertezas sobre a sustentabilidade fiscal. Mais uma vez, o BC fez na ata uma extensa defesa da aprovação de reformas e ajustes na economia.
"Incertezas afetam decisões de investimento que envolvem elevado grau de irreversibilidade e, por conseguinte, necessitam de maior previsibilidade em relação a cenários futuros", concluiu o documento.
Reformas
Enquanto a tramitação da reforma da Previdência se arrasta na Câmara dos Deputados, a ata do último encontro do Copom traz uma extensa defesa da aprovação das reformas e ajustes na economia. Os membros do colegiado alertaram para o efeito que as incertezas fiscais têm sobre o ritmo de recuperação da economia.
"A manutenção de incertezas quanto à sustentabilidade fiscal tende a ser contracionista. Reformas que geram sustentabilidade da trajetória fiscal futura têm potencial expansionista, que pode contrabalançar efeitos de ajustes fiscais de curto prazo sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de instabilidade com elevação de prêmios de risco, como o ocorrido em 2018", argumentou o BC.
O Copom voltou a afirmar que a aceleração do ritmo de retomada da economia depende também de outras iniciativas para o aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios.
"Esses esforços são fundamentais para a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira", completou o documento.
Crescimento global
O Copom avaliou, por meio da ata de seu último encontro, que o cenário se mantém desafiador. O colegiado ponderou que os riscos associados à normalização das taxas de juros nas economias centrais mostram-se reduzidos no curto e médio prazos.
Por outro lado, o Copom destacou que os riscos de uma desaceleração da economia global permanecem. "Incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica podem contribuir para um crescimento global ainda menor", acrescentou o documento.
O BC ainda voltou a garantir que a economia brasileira está apta a absorver um revés no cenário internacional, citando "seu balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de recuperação econômica".
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