Governadores articulam carta de veemente repúdio à retirada de Estados da reforma
No documento, os governadores argumentam que obrigar as gestões estaduais e municipais a aprovar mudanças em seus regimes previdenciários por meio de legislação própria, enquanto tais alterações já estão previstas na proposta em análise no Congresso, representa "não apenas atraso e obstáculo à efetivação de normas cada vez mais necessárias, mas também suscita preocupações acerca da falta de uniformidade no tocante aos critérios de Previdência a serem observados no território nacional".
A carta diz ainda que a uniformização do tratamento previdenciário sobre as regras gerais dos regimes próprios de Previdência Social dos servidores públicos da União, Estados e municípios existe há mais de 20 anos. "Por conseguinte, é indispensável contemplar a totalidade dos Estados e dos Municípios e o Distrito Federal na proposta de reforma da Previdência que hoje se encontra em discussão, a fim de evitar o agravamento da crise fiscal que já se mostra insustentável", diz o texto.
Eles argumentam ainda que, caso não sejam adotadas medidas para a solução do problema, o déficit nos regimes de aposentadoria e pensão, que hoje é de aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, pode quadruplicar até 2060. A carta cita um estudo feito pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado.
Principal articulador do grupo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), confirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que já assinou o documento. Segundo apurou a reportagem, outros mandatários que apoiam a iniciativa estão em busca de mais assinaturas.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), disse ser favorável à manutenção dos entes federativos na reforma da Previdência, mas afirmou que não irá assinar a carta. "Jamais assinarei qualquer carta de repúdio ao Congresso, onde fui parlamentar por muitos anos", comentou.
De acordo com ele, caso a comissão especial da reforma da Previdência decida por não incluir Estados e municípios no texto final, ele e outros governadores irão propor que seja incluído no texto um dispositivo para que os governadores e prefeitos possam alterar regras de seus regimes previdenciários por decreto.
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