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Brasil termina Cannes Lions com ouro em filme e 85 leões

Fernando Scheller

São Paulo

22/06/2019 08h53

O Brasil terminou o Cannes Lions - Festival Internacional de Criatividade com um total de 85 Leões. Nas últimas categorias que tiveram os resultados divulgados ontem, dia de encerramento do festival, o Brasil angariou mais sete prêmios. O resultado mais importante foi para a agência Wieden+Kennedy São Paulo, para uma peça publicitária do desodorante Old Spice, da Procter & Gamble: um Leão de Ouro em Filme Lions, considerada uma das principais categorias do evento.

O resultado do Brasil ficou aquém do total de Leões angariados nos últimos anos - em 2018, por exemplo, foram 101 prêmios.

Tendência

O menor volume de premiação reflete algumas mudanças que Cannes Lions tem implementado nos últimos anos. Além da redução da duração do evento de oito para cinco dias, também houve um corte no total de Leões distribuídos, como forma de valorizar a premiação. O Estadão é o representante oficial de Cannes Lions no Brasil.

Outra tendência foi a redução da participação de empresas tradicionais - como a AlmapBBDO, campeã em títulos de Agência do Ano no festival. Neste ano, agências como David Brasil, Wieden+Kennedy e Akqa apareceram como forças emergentes da criatividade brasileira, angariando Leões de Ouro e dois Grand Prix (Grande Prêmio).

A Akqa levou os dois Grand Prix: um em Media Lions (que julga o melhor uso das diferentes mídias para a difusão de uma campanha) e outro para Entertainment Lions for Music (que escolhe o melhor trabalho global que inclui o uso de música). A primeira campanha foi realizada para o modelo AirMax, da Nike, e envolveu a cultura paulistana do grafite, enquanto o segundo transformou o lançamento do segundo álbum do rapper Baco Exu do Blues em um movimento contra o racismo institucionalizado no País.

Aberta há cinco anos e comandada pelos brasileiros Diego Machado e Renato Zandona, além do português Hugo Veiga, a filial brasileira da Akqa trabalha em um formato diferente da maioria das agências, segundo os executivos. Para começar, ela aceita trabalhos em forma de consultoria, cobrando por hora de trabalho - caso seja necessária a compra de mídia para algum cliente, o trabalho é repassado a um terceiro.

No caso da campanha do modelo AirMax a partir de um conceito que celebrava os talentos do grafite nacional, a veiculação foi coordenada pela Wieden+Kennedy.

Já a David Brasil se destacou principalmente graças à campanha do Burger King que incentivou consumidores a "queimarem" virtualmente anúncios do McDonald's, seu principal rival e alvo preferencial de sua comunicação. Após finalizar a tarefa, o cliente recebia um cupom para resgatar seu sanduíche na loja mais próxima.

A ação apostou em uma estratégia rara para a comunicação no Brasil: o confronto direto com a concorrência. O principal destaque do projeto foi em Direct Lions, com um ouro uma prata e dois bronzes. A rede de fast-food Burger King foi escolhida como a marca mais criativa do ano dentro do festival, graças a prêmios que angariou em mercados como o Brasil e os EUA.

A Wieden+Kennedy ganhou um ouro em filme com um trabalho para a Old Spice, chamado O Anúncio Infinito. O projeto foi mostrado em um canal no YouTube, o Woohoo, por 14 horas seguidas - quebrando o recorde e entrando para o Guinness como o comercial de televisão mais longo do mundo.

Últimos Leões

Em Filme Lions, além do ouro, a Wieden+Kennedy recebeu também uma prata e um bronze com a mesma ação de Old Spice. Houve ainda um Leão de prata para AlmapBBDO/Getty Images. Em Sustainable Development Goals Lions, foram dois bronzes: VML&YR para Ministério Público e Abap e GTB Brasil para Ford. Em Glass Lions for Change, a mesma campanha da VML&YR ganhou um bronze. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.