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Superávit externo de maio é sazonal e previsão para junho é de déficit, diz BC

Fabrício de Castro

Brasília

24/06/2019 13h56

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 24, que o superávit de US$ 662 milhões na conta corrente do Brasil é maio é sazonal. Segundo ele, é de se esperar superávits ou déficits menores no mês, em função da safra agrícola.

"Os produtos agrícolas têm sazonalidade mais favorável, por conta da exportação a outros países, que ajuda a conta corrente", explicou Rocha.

De fato, os dados do BC mostraram que, em maio, o saldo da balança comercial foi positivo em US$ 5,686 bilhões, resultado de exportações de US$ 21,203 bilhões e importações de US$ 15,516 bilhões. Em maio de 2018, o saldo da balança comercial havia sido semelhante, de US$ 5,559 bilhões.

Rocha citou ainda que houve aumento do déficit da conta de serviços, de US$ 2,733 bilhões em maio de 2018 para US$ 2,989 bilhões em maio deste ano, muito em função das despesas com aluguel de equipamentos - uma rubrica que já vinha aumentado. De modo geral, pontuou Rocha, o balanço de pagamentos foi "perfeitamente financiamento no mês de maio".

Desvalorização cambial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central afirmou que a desvalorização cambial explica em grande parte a redução das despesas com viagens dos brasileiros ao exterior em maio. Os dados do Banco Central mostraram que, no mês passado, a conta de viagens apresentou déficit líquido de US$ 1,053 bilhão - abaixo do déficit de US$ 1,187 bilhão verificado em maio do ano passado.

"Um dos fatores para queda das despesas líquidas com viagens é o câmbio", disse Rocha.

Segundo ele, o valor médio do dólar foi de R$ 3,64 em maio de 2018. Já em maio de 2019, foi de R$ 4,00. Isso significa uma desvalorização do câmbio de 10%. "A desvalorização torna mais cara a despesa no exterior, quando avaliada em reais. Fica mais caro para os brasileiros fazer viagens no exterior", comentou Rocha. "Já temos observado este processo há algum tempo."

Em junho até o dia 19, as despesas líquidas de brasileiros no exterior somam US$ 761 milhões, conforme Rocha. O valor é resultado da diferença entre os gastos brutos de US$ 994 milhões dos brasileiros em outros países e as receitas brutas de US$ 232 milhões obtidas com estrangeiros em viagem pelo Brasil.

Fluxo cambial

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou que o fluxo cambial total no País está positivo em US$ 279 milhões em junho até o dia 19. A cifra é resultado de um fluxo comercial negativo de US$ 415 milhões e de um fluxo financeiro positivo de US$ 694 milhões no mesmo período.

Na conta comercial, ocorreram em junho até o dia 19 importações de US$ 8,977 bilhões e exportações de US$ 8,562 bilhões. Dentro das exportações foram US$ 1,581 bilhão de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 2,605 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 4,376 bilhões em demais operações. Na conta financeira, ocorreram no período entradas de US$ 29,554 bilhões e saídas de US$ 28,860 bilhões.

Com o movimento verificado em junho, até o dia 19, a posição dos bancos no mercado à vista passou de vendida em US$ 22,099 bilhões no fim de maio para vendida em US$ 21,945 bilhões agora.

Projeção

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central informou ainda que a projeção da instituição para o saldo da conta corrente brasileira em junho é de déficit de US$ 2,5 bilhões. No ano até maio, há saldo negativo de US$ 7,576 bilhões.

"A trajetória de resultados baixos de déficit em 12 meses deve se manter em junho", pontuou Rocha.

Os dados do BC mostraram que, nos 12 meses até maio, o déficit em conta corrente somou US$ 13,923 bilhões, ou 0,79% do Produto Interno Bruto (PIB).