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Leilão da Lotex era 'pedra no sapato' e 'nó na garganta', diz secretário

Aline Bronzati

São Paulo

22/10/2019 14h22

O secretário de Fomento e Apoio a Parcerias de Entes Federativos da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI), Wesley Callegari Cardia, afirmou que a Lotex era uma "pedra no sapato" do programa após duas tentativas de leilões fracassadas antes da conclusão do certame nesta terça-feira, 22, na B3. Ele lembrou que somente neste mês o PPI realizou dois leilões com "total sucesso".

"E este, exatamente, da Lotex, era uma pedra no nosso sapato. Porque estava trancado na garganta nós termos falhado. Para nós era um nó na garganta que hoje finalmente foi engolido", admitiu Cardia, em coletiva de imprensa.

De acordo com ele, o PPI tem hoje uma marca internacional junto a empresas, investidores, fundos de investimento internacionais e soberanos, que creditam ao programa a marca de garantia de que os processos são bem feitos e com segurança. Ele enfatizou ainda a parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por organizar o leilão.

O PPI detinha 272 ativos, dos quais restam 116, já considerando o leilão da concessão da Lotex. "Até hoje, tivemos raríssimos casos de leilão deserto. No caso da Lotex, foi deserto por duas vezes porque não havia sido provavelmente tão ligado ao que o mercado deseja. Isso é fundamental", explicou o secretário do PPI.

Cardia ponderou ainda que a despeito de o leilão da Lotex ter atraído apenas um consórcio interessado, é formado pelos maiores operadores do mundo no mercado de loteria instantânea. "É muito importante que parceiros sejam conhecedores e tenham tamanho e envergadura para que o negócio dê certo", acrescentou.

O chefe do Departamento de Estruturação de Parcerias 1 do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guilherme Albuquerque, discordou de que o leilão da Lotex tenha dado errado por ter atraído apenas um interessado. "Foi um sucesso. Atraímos os dois maiores em loteria instantânea do mundo. Eles vão investir no Brasil e estão tomando risco. Acreditam no País", avaliou.

Segundo Albuquerque, o Brasil é o maior mercado de loterias instantâneas ainda não explorado. Afirmou ainda que, embora tenham ocorrido dois 'leilões desertos' em ocasiões anteriores, nenhum centavo foi mudado do estudo feito pelo BNDES, responsável pelo leilão.

Ele ponderou, contudo, que a mudança no parcelamento da outorga, que passou de quatro para oito prestações anuais, contribuiu para atrair o consórcio interessado após rodadas de investidores em Londres e Las Vegas junto às maiores operadoras do mundo em loterias instantâneas.

O Consórcio Estrela Instantânea, formado pela IGT, controlada por um grupo italiano, e a americana Scientific Games, vão desembolsar um total de cerca de R$ 818 milhões para explorar a Lotex por 15 anos.

Único interessado, levou a concessão da chamada raspadinha sem ágio, pelo mínimo exigido para a primeira parcela da outorga, de R$ 96,969 milhões, e mais sete pagamentos anuais de R$ 103 milhões, corrigidos pelo IPCA. A cifra total, de R$ 818 milhões, corresponde ao valor presente do mínimo exigido de R$ 542,1 milhões.

Segundo o Secretário de Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia, Alexandre Manoel, mais importante do que a outorga paga é o faturamento que será gerado pela Lotex nos 15 anos de concessão, estimado em R$ 112 bilhões. Do total, a União ficará com R$ 23 bilhões, a valor presente e considerando tributos.