Em dia de eleição na Argentina, Bolsonaro diz que quer ampliar comércio
Julia Lindner, enviada especial
Abu Dhabi
27/10/2019 10h16
"Da nossa parte pretendemos ampliar qualquer comércio com a Argentina, mas, obviamente, como integrante do Mercosul, as cláusulas democráticas têm que se fazer valer", disse o presidente da República após participar de uma conferência de negócios entre Brasil e Emirados Árabes, na capital do país.
"Esperamos que aquilo que ele (Fernández) falou há pouco, quando visitou (o ex-presidente) Lula no Brasil, sobre rever a questão do Mercosul, que ele volte atrás", acrescentou Bolsonaro. Após o comentário, em julho, Fernández adotou um tom mais moderado sobre o tema e evitou polemizar com o presidente brasileiro.
Nos últimos dias, Bolsonaro chegou a falar em suspender a Argentina se o eventual sucessor de Mauricio Macri resistir à abertura comercial. "O que nós queremos é que a Argentina continue na questão comercial, caso a oposição vença, da mesma forma do [presidente Mauricio] Macri. Caso contrário, podemos nos reunir com o Uruguai e o Paraguai", disse durante etapa da viagem no Japão.
Crise nos vizinhos
Bolsonaro também voltou a se posicionar sobre a situação de outros países da América do Sul. No sábado, 26, ao chegar a Abu Dhabi, ele disse que está preocupado com as manifestações em territórios vizinhos.
Em relação ao Chile, que é considerado o país com a situação mais crítica, Bolsonaro disse que os atos e os confrontos que ocorrem há dias no país "assustam" a todos. Ele foi indagado sobre a decisão do presidente chileno, Sebatián Piñera, seu aliado, pedir aos ministros que entreguem os cargos em meio aos protestos.
"Espero que tudo seja resolvido (no Chile). Mas logicamente o que aconteceu em um primeiro momento, com a depredação do patrimônio, assusta a todos nós", afirmou Bolsonaro.
Sobre o resultado da eleição na Bolívia, que tem sido questionado, ele falou mais uma vez que o Brasil defende a revisão da recontagem de votos - que garantiu a reeleição do presidente Evo Morales.
"No meu entender, a Organização dos Estados Americanos (OEA) tomou decisão acertada pedindo a revisão da recontagem dos votos. Queremos que a Bolívia permaneça um país amigo nosso, temos negócios com eles, em especial do gás, mas não abrimos mão da questão democrática", declarou.