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Vital: exterior trouxe desdobramentos positivos para guerra comercial e Brexit

Eduardo Rodrigues

Brasília

29/10/2019 15h54

O coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Luis Felipe Vital, avaliou que o cenário externo em outubro trouxe desdobramentos positivos em questões como a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o Brexit, do Reino Unido. Além disso, a aprovação da reforma da Previdência possibilitou a emissão de títulos com taxas próximas aos seus pisos históricos.

"Os investidores estão com maior apetite de risco em outubro, favorecendo mercados emergentes. O cenário doméstico também tem reagido de forma bastante positiva no mês e a conclusão da aprovação da reforma da Previdência contribuiu para cenário de juros mais baixos", afirmou.

Vital detalhou que a curva de juros caiu 100 pontos base em setembro e outubro. "O custo das emissões do Tesouro continua em queda. Emitimos papéis prefixados de 10 anos a 6,51% na última quinta-feira", detalhou.

Apesar do ambiente positivo para a emissão de papeis, Vital ponderou que outubro deverá registrar um pequeno resgate líquido de títulos, já que o volume de vencimentos é significativo no mês.

Emissões títulos prefixados mais longos

Vital confirmou que o Tesouro Nacional estuda a emissão de papeis prefixados com prazos mais longos. Atualmente, o título prefixado brasileiro com maior prazo tem 10 anos, e o governo pode lançar um papel com 20 anos de horizonte em 2020.

"A ideia de um título prefixado mais longo faz parte do desenvolvimento natural do mercado brasileiro. Os investidores já demandam títulos com prazo mais longo que o de 10 anos", afirmou. "Um título prefixado mais longo (de 20 anos) será discutido na elaboração do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2020. Emitir títulos prefixados de 20 ou 30 anos é um desenvolvimento natural dos mercados, também em outras economias emergentes", detalhou.

Na semana passada, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, havia dito que a emissão de títulos prefixados mais longos dependeria do retorno dos investidores estrangeiros, cuja participação no total da dívida caiu em setembro. Vital avaliou ser difícil prever quando os investidores não residentes retornarão com mais intensidade, mas adiantou que as baixas taxas de juros praticadas nas economias centrais podem ajudar na atratividade dos títulos brasileiros.

"A aprovação da Previdência na semana passada foi um avanço importante, mas o andamento de outras medidas deve criar um cenário mais adequado para o retorno dos estrangeiros. Além disso, o estoque de títulos a taxas nominais negativas no mundo é positivo, já que os estrangeiros passam a desejar o Brasil como mercado que ainda paga taxas mais altas", comentou. "Ainda assim, não pretendemos fazer mudanças significativas na estratégia de emissões do Tesouro", concluiu.