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Para Ipea, economia está crescendo "de forma mais robusta"

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Imagem: Shutterstock

Denise Luna

Rio

19/12/2019 13h02

O diretor de macroeconomia do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), José Ronaldo Souza Júnior, se disse otimista com a economia brasileira no próximo ano, mas que para isso é fundamental que as reformas que têm impacto fiscal, como a tributária e a administrativa, sejam pelo menos encaminhadas, mas de preferência, aprovadas.

"A economia está crescendo de forma mais robusta. Se conseguirmos aprovar mais rapidamente as reformas, e com isso melhorar bastante fortemente a confiança, a gente pode ter crescimento mais do que 2,3%", afirmou em entrevista coletiva hoje.

Ele previu que o déficit fiscal do governo deverá ser menor em 2020 do que em 2019, por causa da aprovação da reforma da Previdência, mas observou que a questão fiscal ainda é um desafio, porque ainda existe aumento bastante forte com os gastos da Previdência, por uma questão demográfica. "Espera-se a queda de gasto com pensionista, isso vai impactar o gasto com pessoal", avaliou.

O Ipea previu que os investimentos no país serão maiores em 2020, puxados principalmente pela construção civil e grandes obras de infraestrutura. Mas o economista também lembrou que o comércio registra melhora, assim como a agropecuária e a indústria, na comparação com 2019. "Vemos ver melhora no perfil das famílias em 2020", destacou o economista.

Segundo projeções do órgão ligado ao Ministério da Economia, o comércio deve crescer em novembro, pelo nono mês consecutivo, e o setor de Serviços deve pular da projeção de 1,2% em 2019 para 2,2% em 2020. Já a indústria, que este ano teve um desempenho fraco e deve fechar o ano em alta de apenas 0,4%, em 2020 poderá subir 2,1%.

O setor de agropecuária será o de maior recuperação, na avaliação do Ipea, saindo de alta de 0,8% em 2019 para avanço de 3,8% no ano que vem.

Inflação

A inflação do setor de alimentos, que pesou no índice geral este ano, deve arrefecer em 2020, com a interrupção da alta do preço da carne, que deve, porém, se manter próximo do patamar elevado atual, avaliou estudo do Ipea.

"Houve um aumento bastante grande dos preços das carnes no fim deste ano, aumento esse que tende a se dissipar no início do ano que vem, ainda assim os preços vão se manter em um nível alto, mas sem a continuidade da inflação no ano que vem para o consumidor", previu Souza Júnior.

O Ipea prevê que a inflação dos alimentos vai cair de 4,2% em 2019 para 3,7% em 2020, segundo estudo divulgado pelo órgão.

Souza Júnior lembrou que o aumento do preço da carne no final deste ano se deveu ao aumento da demanda pela China, após um problema grave no país asiático, com a gripe suína africana atingindo boa parte dos suínos por lá, o que afetou outras proteínas. "As exportações vão voltar para um ritmo mais normal no próximo ano, porque o impacto de curto prazo fez o preço (da carne) se aproximar do preço internacional e isso tende a se dissipar. Isso porque o preço internacional não está oscilando tão fortemente como o que a gente viveu aqui", explicou.

De acordo com o economista, entre fevereiro e março, o preço da carne deve parar de subir, mas se manter em patamar elevado. "O preço da carne não vai cair, mas vai parar de subir a partir do 1º trimestre", afirmou.