Risco ligado à ociosidade é maior com pandemia, diz BC na ata
Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro
Brasília
23/03/2020 10h59
Para colegiado esse risco pode ser agravado pela pandemia de covid-19.
"Esse risco se intensifica caso um agravamento da pandemia provoque aumento da incerteza e redução da demanda com maior magnitude ou duração do que o estimado", enfatizou o BC.
Por outro lado, o aumento da potência da política monetária, a deterioração do cenário externo e a frustração com a continuidade das reformas na economia podem pressionar os preços dos ativos, gerando inflação acima da projetada.
Juros estrutural
Os membros do Copom do Banco Central alertaram nesta segunda-feira, na ata do último encontro do colegiado, para a possível inversão na trajetória da taxa de juros estrutural da economia brasileira, com aumento dessa taxa em meio ao ambiente contaminado pela pandemia do novo coronavírus. Para o BC, um corte maior na taxa Selic do que o adotado na semana passada, agora, poderia ser contraproducente.
"Na avaliação do Comitê, a possível interação entre a deterioração do cenário externo, com frustrações em relação à continuidade das reformas e possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, pode ameaçar a queda dos juros estruturais observada nos últimos anos", detalhou o Copom no documento.
Por isso, o colegiado ponderou que uma redução superior a 0,5 ponto porcentual na Selic poderia resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado pelo BC.
A ata repete a avaliação que já constou no comunicado da decisão da semana passada, de que Copom "vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar", e reitera que "que novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos".