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Fed destaca importância de mercado de trabalho forte e alerta para desigualdades

André Marinho e Eduardo Gayer

São Paulo

12/06/2020 13h26

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgou nesta sexta-feira, 12, o relatório consolidado referente ao projeto Fed Listens, uma série de eventos em várias cidades americanas em que membros da autoridade monetária consultaram representantes da sociedade civil para entender as condições da economia real. A maior parte dos encontros aconteceu em 2019, antes portanto da pandemia de coronavírus.

Segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, na época das reuniões, os Estados Unidos registravam os maiores níveis de emprego em meio século. "Uma clara lição desses eventos foi a importância de sustentar um forte mercado de trabalho, principalmente para pessoas de comunidades de renda baixa e moderada", destacou.

Com a emergência da pandemia de coronavírus, o Fed decidiu promover uma edição extra em maio deste ano. Na ocasião, a instituição concluiu que grupos de rendas mais baixas foram os mais afetados pela crise. "Os empregos podem demorar para retornar e para os trabalhadores das indústrias de serviços que foram significativamente afetados - viagens e restaurantes, por exemplo - algumas perdas de emprego podem ser permanentes", salienta o documento.

O relatório ressalta que muitos desempregados estão se beneficiando de cheques de estímulos aprovados pelo governo e do aumento do seguro-desemprego. Além disso, revela que vários participantes expressaram preocupações de que a recessão deve exacerbar desigualdades, sobretudo para negros e latinos.

Ibovespa e Real

Em relatório divulgado nesta terça, o Federal Reserve emitiu relatório no qual afirma que a recuperação dos índices acionários internacionais tem se dado de maneira desigual, citando o caso do Ibovespa. "Enquanto as bolsas na Ásia se recuperaram parcialmente, índices acionários no Brasil e no México tiveram desempenhos inferiores se comparados a outros mercados emergentes", aponta a autoridade americana.

A depreciação do peso mexicano e do real ao longo do ano, em decorrência da crise trazida pelo novo coronavírus, também foi avaliada pelo Fed. "O peso mexicano e o real se desvalorizaram cerca de 16% e 30%, respectivamente, em parte em resposta aos preços mais baixos das commodities", coloca o relatório, que será apresentado pelo presidente do BC americano ao Congresso americano na próxima semana.

O Fed ainda diz que a fuga de capital em países emergentes, que apertou as condições financeiras, reflete a preferência de investidores por ativos seguros e líquidos. "Há uma confiança reduzida na capacidade de alguns governos conterem a crise de saúde, além de incerteza sobre a perspectiva de finanças públicas e comércio global", completa a autarquia.