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Taxas fecham de lado, em meio ao pessimismo no exterior e alívio político

Denise Abarca

São Paulo

12/06/2020 18h17

Os juros futuros terminaram a sexta-feira, 12, com taxas ao redor da estabilidade. O forte ajuste negativo que se impôs sobre o mercado doméstico afetou de forma leve o segmento de juros, que na maior parte do dia oscilou com taxas de lado. A aversão ao risco a partir do exterior foi neutralizada na curva tanto pela aposta na manutenção de liquidez abundante em termos globais quanto pela contínua percepção de que o cenário político local está se distensionando. Mesmo a ponta curta hoje pouco se mexeu, com os investidores já à espera do corte de 0,75 ponto porcentual na Selic na decisão do Copom na quarta-feira.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,07%, de 3,08% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,68%, de 5,662% no ajuste de quarta-feira, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,60%, mesmo patamar do ajuste anterior.

Nem a escalada do dólar, de volta aos R$ 5, nem o tombo da Bolsa assustaram o mercado de juros e, nas máximas, os vencimentos mais longos subiram entre 6 e 8 pontos, alinhados aos momentos de piora mais expressiva do câmbio. Numa sessão espremida entre o feriado e o fim de semana, a liquidez foi prejudicada.

O estresse nos ativos se deu num movimento de correção do mercado brasileiro ao dia tenso ontem no exterior, em função de comentários vistos como pessimistas sobre a economia americana por parte dos dirigentes do Federal Reserve e que tiveram sequência nesta sexta-feira. Além disso, cresceu o temor de uma nova onda de contágio de coronavírus no mundo na medida em que os países têm afrouxado regras de isolamento.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, lembra porém que o mercado de renda fixa tem uma dinâmica própria, o que favorece a blindagem em dias como o de hoje. "Os juros têm parâmetros diferentes, muito focados nos riscos de inflação e fiscal", disse. Nesse contexto, os índices de preços estão deflacionários e o risco fiscal diminuiu com a considerável melhora da relação entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, elogiou ontem a escolha do deputado federal Fabio Farias (PSD-RN), genro do empresário Silvio Santos e dono do SBT, para o Ministério das Comunicações, afirmando que isso deve ajudar no diálogo com o Executivo. Disse ainda não ver risco de ruptura institucional no Brasil. "Ainda não há risco à democracia, mas há o risco dessas discussões acabarem afetando credibilidade do País com investidores estrangeiros", afirmou, em videoconferência organizada pelo Jota.

O destaque da agenda da próxima semana é o Copom, com as apostas na curva bem ajustadas para uma queda de 75 pontos-base e uma decisão diferente disso traria muito ruído. No comunicado, o mercado aguarda considerações dos diretores para 2021, que é para onde se volta agora a política monetária.