EUA frustram Brasil e indicam candidato próprio para o BID
Há cerca de duas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, avisou o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que o Brasil indicaria Rodrigo Xavier, ex-presidente do UBS e do Bank of America no Brasil, para o posto. O americano não se comprometeu com o apoio. Ontem, segundo fontes do governo, Mnuchin telefonou a Guedes. O assunto em questão seria a presidência do BID.
Os EUA anunciaram a intenção de nomear Mauricio Claver-Carone para o posto. Carone é atualmente diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para Assuntos do Hemisfério Ocidental, considerado um dos responsáveis pela política mais linha dura do governo republicano com relação a Cuba, Venezuela e Nicarágua. A eventual eleição do americano quebra uma tradição de escolher um nome da região para chefiar a instituição.
Por já serem os maiores acionistas, os EUA costumam ficar de fora do rodízio de presidentes do banco. O governo Trump, no entanto, está disposto a quebrar o protocolo.
Questionado, o Ministério da Economia ainda não respondeu se manterá a candidatura de Xavier ou se vai abrir mão da indicação própria para apoiar o nome do governo Trump.
Pela política interna de rotação de presidentes do banco, candidatos do Brasil ou da Argentina são os que teriam maior chance de receber apoio significativo na eleição, que acontecerá em 2020. Com a eleição de Alberto Fernández, nome da esquerda argentina, no ano passado, o governo brasileiro avaliou que os EUA apoiariam um nome do governo Bolsonaro, alinhado a Trump.
Nos bastidores, os americanos deixavam claro que gostariam que a presidência da instituição não fosse entregue a nomes apoiados por Fernández ou Manuel López Obrador, do México.
A eleição para a presidência do banco é feita pela assembleia de governadores da instituição, considerando a maioria do poder total de voto. Os EUA sozinhos possuem 30% do total de votos. O mandato do presidente é de cinco anos. Moreno foi eleito em 2005 e reeleito em 2010 e, novamente, em 2015.
Se o nome de Claver-Carone vencer a disputa, o BID terá um presidente alinhado à política externa de Trump mesmo que o republicano não ganhe a reeleição em novembro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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