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BC: natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior

Banco Central prevê que pressão desinflacionária durará mais tempo - Yasmin Ayumi
Banco Central prevê que pressão desinflacionária durará mais tempo Imagem: Yasmin Ayumi

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

11/08/2020 08h50

O BC (Banco Central) afirmou hoje por meio da ata do último encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), que o colegiado acredita que queda na demanda decorrente da crise da pandemia de covid-19 provavelmente terá pressões desinflacionárias com duração maior do que o verificado em recessões anteriores. Na semana passada, o colegiado cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 2,25% para 2,00% ao ano.

"A pandemia deve continuar a ter efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos. Dada a natureza do choque, o setor de serviços deve continuar a apresentar maior ociosidade que os demais", destacou o documento. "Várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas", completou o BC.

Ainda assim, o Copom avaliou que os dados recentes sobre a atividade doméstica sugerem uma recuperação parcial da economia.

O BC destacou a importância dos programas do governo — como o auxílio emergencial e outras medidas de crédito — para uma retomada "relativamente forte" do consumo de bens duráveis e do investimento.

Assim como no comunicado da decisão na semana passada, o colegiado lembrou que a necessária redução dos auxílios do governo no fim deste ano aumenta a incerteza sobre a velocidade de recuperação da economia. A própria imprevisibilidade sobre a evolução da pandemia adiciona incerteza a esse cenário. Os fatores combinados, segundo o BC, "podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia".

Projeções

A ata do último encontro do Copom indicou que a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2020 no cenário híbrido com Selic variável e câmbio fixo está em 1,9%. Já a projeção para 2021 está em 3,0% e a projeção para 2022 é de 3,4%. As estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom reduziu a Selic.

Para o cálculo, o BC utilizou taxa de câmbio constante em 5,20% e a Selic com trajetória conforme projeções da pesquisa Focus.

Na ata da reunião anterior, de 16 e 17 de junho, as projeções neste cenário híbrido eram de inflação de 2,0% para 2020 e 3,2% para 2021. Já o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) de junho trazia projeção de 3,5% para 2022.

Assim como no documento da reunião anterior, a ata do Copom não trouxe nesta terça as projeções do BC para a inflação no cenário de mercado, que considera as trajetórias de câmbio e juros da pesquisa Focus.

Preços administrados

O Banco Central alterou sua projeção para a alta dos preços administrados em 2020, conforme a ata do último encontro do Copom. O índice calculado foi de 1,3% para 1,6% no cenário híbrido, que utiliza câmbio constante e Selic do relatório Focus.

No caso de 2021, o porcentual passou de 3,8% para 3,4%. As estimativas anteriores constavam na ata da reunião anterior, de 16 e 17 de junho.

No documento desta terça, o BC também divulgou a projeção de alta de 3,9% nos preços administrados em 2022, pelo cenário híbrido.

No cenário de referência, que utiliza câmbio constante a R$ 5,20 e Selic fixa a 2,25% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2020 também passou de 1,3% para 1,6%. No caso de 2021, foi de 3,8% para 3,4%. No caso de 2022, a projeção no cenário de referência é de alta de 3,9%.

As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado cortasse na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) de 2,25% para 2,00% ao ano. Foi o nono corte consecutivo na taxa.