Apenas 2 em cada 10 famílias viajam, a maioria dentro do Estado, diz IBGE
O levantamento considerou como viagem todo deslocamento de ida e volta feito por pelo menos uma pessoa do domicílio a um lugar fora de seu entorno habitual, fosse por motivos profissionais, religiosos, estudos, tratamento de saúde, consultas médicas ou lazer, incluídas as de curta duração, com saída e retorno no mesmo dia.
Dos 72,5 milhões de domicílios do País, em apenas 21,8% algum morador fez pelo menos uma viagem no período de referência da pesquisa. O poder aquisitivo influencia diretamente a capacidade de viajar: cerca de 84% das 56,7 milhões de famílias que não viajaram no período da pesquisa tinham renda domiciliar per capita inferior a dois salários mínimos.
"O porcentual de viagens é menor nos domicílios com menor renda", ressaltou Flavia Vinhaes, analista do IBGE responsável pela pesquisa.
Entre os brasileiros que não viajaram, 48,9% alegaram que não tiveram dinheiro para fazê-lo. Mesmo quem conseguiu viajar na faixa de renda mais baixa, com rendimento domiciliar per capita de meio salário a menos de um salário mínimo, uma em cada quatro viagens teve como objetivo conseguir fazer um tratamento de saúde.
Entre os que viajaram, apenas 13,5% deles tiveram como motivação questões profissionais. As demais 86,5% viagens foram pessoais, a maioria para visitar amigos ou parentes (36,1%) ou em busca de lazer (31,5%).
Das 21,4 milhões de viagens analisadas, 96,1% (20,6 milhões) foram nacionais e apenas 3,9% (828,7 mil) foram internacionais. Quase metade das pessoas viajou de carro particular ou da empresa (46,6%) e se hospedou em casa de amigos ou parentes (47,3%).
O turismo doméstico ocorreu majoritariamente dentro da própria Unidade da Federação, superando, em todos os casos, a metade dos deslocamentos registrados. Os Estados que menos emitiram turistas para si próprios foram Amapá (50,1%) e Rio de Janeiro (50,9%), embora mais da metade de seus viajantes tenham permanecido dentro do próprio Estado.
"O turista brasileiro viaja para dentro de seu estado e para dentro de sua região. O Brasil é um país continental, com longas distâncias, as viagens são mais de carro", lembrou Flavia Vinhaes.
O Estado de São Paulo foi o destino mais procurado para viagens nacionais, mencionado por 18,9% das famílias que viajaram, seguido por Minas Gerais (12,8%).
"Isso tem uma influência muito forte do turismo local e intralocal. Em geral, quem está em São Paulo viaja para São Paulo. E São Paulo tem a maior população do País, então faz sentido que esteja em primeiro lugar", justificou Flavia. "O fator preponderante é São Paulo ser um Estado muito populoso. Então tem mais gente viajando pelo próprio estado. O ranking de principais destinos obedece mais ou menos o ranking de população dos Estados", disse a analista do IBGE.
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