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Fundo Amazônia foi 'bacana' e teve 'baita impacto', diz presidente do BNDES

Fundo, contudo, está travado há um ano, após críticas do ministro Ricardo Salles e Jair Bolsonaro - Adriano Machado/Reuters
Fundo, contudo, está travado há um ano, após críticas do ministro Ricardo Salles e Jair Bolsonaro Imagem: Adriano Machado/Reuters

Vinicius Neder

Rio

26/08/2020 14h46Atualizada em 26/08/2020 15h22

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, afirmou hoje que o Fundo Amazônia, formado em 2009 com doações bilionárias dos governos da Noruega e da Alemanha, "foi bacana" e teve um "baita impacto", mas cobrou da iniciativa privada brasileira que mobilize mais recursos para financiar iniciativas da área socioambiental.

Montezano citou o Fundo Amazônia ao tratar da incorporação de aspectos socioambientais nas análises de crédito por parte do BNDES. O fundo, contudo, está travado há um ano, após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusarem a iniciativa — sem provas — de apoiar projetos que serviriam para financiar ONGs em vez de protegerem a floresta.

Segundo Montezano, o redesenho das políticas de crédito do banco de fomento, que serão apresentadas em 2021, mudará a avaliação de sucesso das ações de valores monetários, como é hoje, para o impacto dos financiamentos, dando incentivos à cultura interna para que projetos com foco socioambiental ganhem espaço.

Para o executivo, o mesmo deverá ser feito no setor privado, no qual ainda haveria resistências a investir ou financiar ações na Amazônia por causa de "riscos reputacionais" e "custos operacionais".

"Na hora que começamos a nos medir, o BNDES, demais bancos e empresas, pelo impacto, cada R$ 1 milhão ou R$ 5 milhões que se faz de empréstimos na região amazônica é muito dinheiro. Vem com risco reputacional, vem com mais custo operacional, mas tem que ser feito", afirmou Montezano, durante o seminário "Ambiente Institucional e Inovação nas Finanças Sustentáveis", promovido pelo banco Citi.

O executivo citou o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, para exemplificar como os valores são menos importantes do que o impacto.

"Vamos falar aqui do Fundo Amazônia, que é algo de certa forma polêmico no Brasil. É um negócio bacana, foi feito, tem sua experiência, está se resolvendo, mas se formos falar de dimensionamento, o fundo aplicou por ano R$ 100 milhões na Amazônia. Fez um baita impacto. Será que nós, como comunidade financeira privada brasileira, não conseguimos levantar mais de R$ 100 milhões por ano?"

Desde sua criação, o Fundo Amazônia já aprovou 103 projetos, no valor total de R$ 1,859 bilhão, dos quais R$ 1,239 bilhão já foi desembolsado. Após as polêmicas do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente extinguiu o comitê gestor do fundo. Noruega e Alemanha anunciaram a suspensão de seus aportes.