BCE/Guindos: não haverá novo confinamento total das economias da zona do euro
Gabriel Bueno da Costa
São Paulo
02/10/2020 08h24
Guindos afirmou que a recuperação na zona do euro "é incerta", já que dependerá muito da evolução da pandemia. Ele destacou o fato de que a retomada é "desigual" entre setores e "muito desigual" entre diferentes países da região.
O dirigente também falou sobre o quadro da inflação, pouco após ser divulgado que a preliminar do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro recuou 0,3% em setembro, na comparação anual. Guindos disse que o recuo no CPI é fruto do quadro atual de pandemia, com a demanda mais fraca.
O vice do BCE lembrou que há uma conversa interna na instituição sobre as estratégias utilizadas. Ao ser questionado sobre a discussão sobre ajustes na política monetária, como o conceito adotado recentemente pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de inflação média, Guindos disse: "Esperamos ter uma nova definição de estabilidade de preços até meados do ano que vem". Ele não se comprometeu ou sugeriu, porém, que o BCE poderia adotar caminho similar ao Fed. De acordo com Guindos, o BCE deve agora também discutir os instrumentos à sua disposição para a política monetária, com os juros já em patamares muito baixos.
Sobre o endividamento dos países da zona do euro, Guindos comentou que haverá um "aumento importante" no endividamento público, mas disse que essa não é a questão agora. "É preciso gastar no curto prazo, gastar bem", defendeu, ao tratar de estímulos fiscais para apoiar o quadro.