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Dirigentes do Fed reafirmam uso de 'todos instrumentos' em momento 'desafiador'

Gabriel Bueno da Costa, Matheus Andrade e André Marinho

São Paulo

07/10/2020 15h45

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) concordaram, em sua última reunião, sobre o grande impacto humano e econômico da pandemia da covid-19, nos Estados Unidos e no mundo. Segundo eles, a atividade e o emprego ganharam impulso nos últimos meses, mas continuem "bem abaixo" de antes da crise, mostra a ata do encontro. No geral, as condições financeiras "têm melhorado nos últimos meses", em parte graças a medidas políticas de apoio à economia e ao fluxo de crédito para pessoas físicas e jurídicas. Os dirigentes reafirmam na ata o compromisso de usar "todas as ferramentas à disposição para apoiar a economia dos EUA neste momento desafiador".

Além disso, notaram que a trajetória da economia depende "significativamente" dos rumos do vírus. Eles afirmam que a crise de saúde pública atual continuará a pesar na atividade, no emprego e na inflação no curto prazo, com "riscos consideráveis" à perspectiva no médio prazo.

Os dirigentes concordaram em incorporar ao comunicado após a reunião elementos importantes da revisão sobre as metas de longo prazo do Fed, que almeja agora "inflação média" em 2%, permitindo que ela avance além dessa faixa por um tempo para compensar períodos de preços fracos. Eles concordaram que é apropriado manter a "postura acomodatícia da política monetária" até que os objetivos de inflação média em 2% e máximo emprego sejam alcançados.

A ata lembra que houve dois votos contrários à decisão. Um dos membros do comitê preferia manter maior flexibilidade na política monetária e não alterar a linguagem do comunicado de julho; o outro preferia uma formulação mais forte do forward guidance, para indicar que os juros não seriam elevados até que o núcleo da inflação atinja 2% em uma base sustentável, diz o documento.

Os dirigentes lembraram que o caminho a seguir dependerá, claro, da evolução da perspectiva econômica, com a concordância de que é preciso estar preparado para eventuais ajustes, caso sujam novos riscos, além de levar em conta várias informações, como a saúde pública, as condições do mercado de trabalho, as pressões inflacionárias e as expectativas para o preço, bem como acontecimentos nos mercados e no quadro internacional, aponta a ata.

Atividade econômica melhorou, mas segue em níveis abaixo do pré-pandemia

A avaliação é de que a pandemia causou enorme dificuldades aos Estados Unidos e ao mundo, mas apontam que a atividade econômica melhorou nos últimos meses. Ainda assim, os níveis seguem abaixo do início do ano, com o emprego não tendo recuperado os números pré-pandemia. O panorama consta na ata da última reunião do Fed, divulgada nesta tarde.

A demanda segue fraca, e os preços do petróleo "significativamente fracos" levaram para baixo a inflação ao consumidor. Mas o quadro geral melhorou nos últimos meses na economia, refletindo em parte "as políticas de apoio à economia e o fluxo de crédito à família e negócios", diz a ata. Os participantes da reunião avaliam que a retomada dependerá do curso do vírus, e ressaltam que há "riscos consideráveis" no médio prazo.

Ausência ou demora no suporte fiscal leva a recuperação mais lenta

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed) pressupunham em suas perspectivas econômicas suporte fiscal adicional e que, caso o apoio seja "significativamente menor", ou vier mais tarde do que esperavam, o ritmo de recuperação pode ser "mais lento do que o previsto". Os participantes também viram uma política monetária acomodatícia como contribuindo para aumentos de investimentos. As visões constam na ata da última reunião do Fed, divulgada nesta tarde.

Os participantes da reunião pontuaram que o setor de serviços "tem demorado para se recuperar", particularmente para itens como viagens aéreas, hospedagem e refeições em restaurantes, que foram "significativamente afetados" por medidas de distanciamento social. Na reunião, houve a visão de que os investimentos dos negócios estão se recuperando, e que os juros baixos estariam incentivando a retomada no setor. A retomada "é desigual", com negócios que necessitam de mais contato pessoal sofrendo mais dificuldades, indicam.