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Sem insumo, fornecedor está parando, diz Anfavea

Eduardo Laguna

São Paulo

07/11/2020 07h01

A Anfavea, associação que reúne as montadoras instaladas no País, informou nesta sexta, 6, que a insuficiência de insumos, principalmente derivados de aço, vem provocando pequenas interrupções de produção na cadeia de suprimentos.

Ao apresentar os números de outubro do setor, o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, disse que microparadas vêm acontecendo em fornecedores de peças, o que leva montadoras a dar apoio logístico para contornar o problema.

"A gente tem observado microparadas no fornecedor ou no fornecedor do fornecedor, e as montadoras estão tentando mitigar esse risco", afirmou Moraes em entrevista coletiva online. "Falta de insumo aqui e ali pode ter impacto na produção. Estamos tentando monitorar isso." Segundo ele, pneus também estão em falta.

O executivo informou ainda que as montadoras estão negociando preços do aço, na tentativa de reduzir os reajustes anunciados pelas siderúrgicas, algo que, se repassado aos preços, afetará os volumes do seto.

A produção das montadoras subiu 7,4% em outubro ante setembro, no maior volume em 12 meses. No mês passado, 236,5 mil unidades - entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus - saíram das linhas de montagem, de acordo com a Anfavea.

Na comparação com outubro de 2019, contudo, a produção de veículos caiu 18%. De janeiro a outubro, a produção de 1,57 milhão de veículos significou um recuo de 38,5% ante o mesmo período de 2019.

Moraes observou que, para aliviar o investimento em capital de giro, a indústria automotiva vem controlando a produção e operando com estoques "justos": "Não dá para produzir sem ter certeza da demanda. A indústria está atendendo a demanda, mas sem exagerar na produção para não ter dinheiro empatado em estoque."

Os estoques de veículos em pátios de fábricas e concessionárias fecharam o mês passado com volume suficiente a 18 dias de venda, abaixo dos 20 dias registrados em setembro.

Desagregando os números por segmento, foram fabricados 223,8 mil carros de passeio e utilitários leves, como picapes e vans, uma alta de 7,2% frente a setembro. Ante outubro de 2019, houve queda de 18,5% nas linhas de montagem de carros.

A produção de caminhões, de 10,9 mil unidades no mês passado, subiu 15,6% no comparativo com setembro, mas recuou 3,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Completando a estatística divulgada pela Anfavea, a produção ônibus, de 1,8 mil unidades em outubro, teve um recuo de 7,8% em relação ao número de setembro. Na comparação com outubro de 2019, a produção de coletivos caiu 31,8%.

Vendas

Com 215 mil unidades emplacadas, as vendas de veículos novos no País tiveram em outubro o maior volume do ano, com alta de 3,5% sobre setembro, até então o melhor mês de 2020. Na comparação com o mesmo período de 2019, contudo, outubro mostrou redução de 15,1% das vendas, na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

Os dados confirmam as informações divulgadas pela Fenabrave, entidade que representa as revendas de automóveis, na quarta-feira, 4.

No acumulado de janeiro a outubro, a queda foi de 30,4%, com 1,59 milhão de veículos vendidos nos dez meses.

O presidente da Anfavea disse que as montadoras estão acelerando a produção, inclusive convocando jornadas aos sábados, mas reconheceu que falta veículo para atender rapidamente os pedidos de frotistas como as locadoras, que apontam demora de até 180 dias nas entregas de automóveis.

"No primeiro semestre, tinha produto e não tinha locadora comprando. Não dá para entregar 150 mil unidades de um mês para outro", comentou. "As locadoras serão atendidas, sim, mas não na velocidade que elas gostariam." Segundo o executivo, a abertura de novos turnos de produção nas fábricas depende de maior clareza sobre a sustentabilidade da recuperação.

As montadoras exportaram 34,9 mil veículos no mês passado, 16,4% a mais que no mesmo período de 2019. Em relação a setembro, as exportações de veículos, que têm a Argentina como principal destino, avançaram 14,3%. De janeiro a outubro, porém, as vendas para o exterior tiveram queda de 34,2% ante o mesmo período de 2019.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.