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Não é trivial dizer que houve desaceleração no varejo, avalia IBGE

Ilton Rogerio/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Ilton Rogerio/Getty Images/iStockphoto

Vinicius Neder

No Rio

11/11/2020 13h15

Apesar do efeito negativo da inflação de alimentos sobre o movimento nos supermercados, que seguraram o crescimento das vendas do varejo em setembro ante agosto, o gerente da PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cristiano Santos, destacou a importância da renovação de recordes sucessivos no comércio varejista, em meio à pandemia de covid-19, para explicar a moderação no ritmo do desempenho.

Em setembro, a alta nas vendas foi de 0,6%, abaixo dos 3,1% registrados em agosto ante julho, informou o IBGE hoje.

Apesar de mais moderada, foi a quinta alta seguida nessa base de comparação, renovando o nível da atividade do varejo restrito - que considera oito segmentos, excluindo veículos e material de construção. É a mais longa sequência positiva desde 2013, quando as vendas do varejo restrito avançaram seis meses seguidos entre março e setembro, segundo Isabella Nunes, analista do IBGE.

"Não é trivial dizer que houve desaceleração", afirmou Santos.

No cenário traçado pelo pesquisador do IBGE, após uma "queda vertiginosa" no início da pandemia de covid-19, em março (-2,5%) e abril (-16,6%), as vendas do varejo experimentaram uma recuperação muito forte com a sequência de cinco altas, algo incomum. Para Santos, o próprio desempenho da economia como um todo não seria condizente com a continuidade de taxas elevadas no crescimento das vendas.

Com a recuperação entre maio e setembro, o nível de atividade do varejo restrito, além de ser recorde na série histórica da PMC, iniciada em 2004, já está 7,7% acima do nível de fevereiro, antes de a covid-19 se abater sobre a economia.

Ainda assim, Santos chamou a atenção para o fato de esse movimento ser concentrado. No varejo restrito, quatro dos oito segmentos investigados na PMC estão acima do nível de vendas de fevereiro: Móveis e eletrodomésticos (24,0% acima de fevereiro), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (22,3% acima), Artigos farmacêuticos (6,9% acima) e Hipermercados e supermercados (5,4% acima).

Quando se considera o varejo ampliado, cinco dos dez segmentos estão acima do nível de vendas de fevereiro, por causa do desempenho do setor de Material de construção (22,3% acima). Nos cinco segmentos que ainda não anularam as perdas com a pandemia, os destaques são o setor de Livros, jornais, revistas e papelaria (com nível de vendas 37,2% abaixo de fevereiro), Tecidos, vestuário e calçados (10,3% abaixo) e Automóveis, motos, partes e peças (9,3% abaixo).