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Itaú/Maluhy: retomada de auxílio tem de vir com proposta de redução de despesas

André Ítalo Rocha e Aline Bronzati

São Paulo

02/02/2021 10h46

O novo presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, que assume o posto nesta terça-feira, 2, afirmou que o governo tem de sinalizar com uma agenda de reformas e redução de gastos caso decida retomar o auxílio emergencial, em um esforço para sinalizar ao mercado que está comprometido com a agenda fiscal.

"Tivemos uma pandemia sem precedentes e o governo fez o que tinha que fazer. Era o momento de gastar. Mas o nível de endividamento está muito alto e estamos muito próximos do teto (dos gastos). Qualquer revisão de programa assistencial tem de vir com notícia de reforma", afirmou o executivo, em teleconferência com jornalistas.

Maluly citou como exemplo o período em que a reforma da Previdência foi aprovada, no início do governo Bolsonaro. "Os resultados não eram de curto prazo, e sim de médio e longo prazo, o que abriu espaço para os investimentos que foram feitos", destacou. "Temos de sinalizar agência de reformas para médio e longo prazo".

PIB

O novo presidente do Itaú Unibanco afirmou que a economia deve "andar de lado" no primeiro trimestre de 2021, sem crescimento, em razão do fim do auxílio emergencial e do aumento do número de mortes e pessoas infectadas pela covid-19.

Na visão dele, a recuperação da economia deve ser retomada na sequência. Maluhy disse, ainda, que os juros básicos do País já devem subir na próxima reunião do Banco Central e, segundo a previsão do banco, a Selic deve terminar 2021 a 3,5% ao ano, ante 2% no nível atual.

O executivo reiterou as projeções do banco para 2021, e destacou ainda que o Itaú deve investir R$ 1,5 bilhão a mais em tecnologia, produtos e plataformas, em linha com o processo de transformação digital pelo qual passa o banco.

Eficiência

Milton Maluhy afirmou, ainda, que não há uma "bala de prata" na agenda de eficiência do banco. Ressaltou que é necessária mais austeridade e foco no que realmente é relevante diante do cenário atual, com aumento da concorrência e da digitalização em meio à pandemia.

"A agenda de eficiência inclui a linha de custos e de receitas. Considerando a inflação, tivemos queda de mais de 7% em 2020. São números relevantes", disse Maluhy. O banco não prevê fechar mais agências em 2021, conforme o executivo. No ano passado, foram descontinuadas 117 unidades físicas. "Acreditamos no meio físico. Nossa rede de atendimento será do tamanho que nossos clientes definirem", afirmou.

Segundo ele, a base de clientes do banco é muito heterogênea, com aqueles que só usam os canais enquanto outros vão às agências todos os dias. Portanto, o foco é combinar os dois mundos.

"Nosso objetivo é ser mais eficiente no custo de gestão do banco... Com isso, abrimos espaço para crescer. São duas agendas intensas, custo e geração de crescimento, receitas, em busca de um menor índice de eficiência", afirmou Maluhy, acrescentando que o Itaú está adotando uma série de iniciativas e que não é possível mencionar apenas uma.