Pandemia alterou dinâmica do mercado formal, com perdas para profissões, diz CNC
O levantamento foi feito pela Confederação Nacional do Comércio, Bens e Serviços (CNC), a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
Apesar da recessão gerada pela pandemia, o Brasil terminou 2020 com um saldo positivo de 142.690 postos de trabalho sob o regime celetista, sustentado pela construção civil e pela indústria. Foi a mais tímida geração de vagas formais desde 2017, mas surpreendente diante das dificuldades enfrentadas pela economia brasileira e mundial no ano passado.
As ocupações mais dependentes da circulação de pessoas, entretanto, sentiram mais fortemente o impacto das restrições impostas pelo novo coronavírus. Na área de transporte, cobradores (-11,3%) e motoristas de coletivos (-7,1%) foram as profissões que mais perderam representatividade no emprego formal em 2020.
Os profissionais da área de Educação também figuram entre os mais afetados. Das vinte ocupações com maiores retrações, segundo a CNC, metade é composta por profissionais ligados ao setor de ensino, especialmente professores de ensino superior na prática do ensino (-6,4%), auxiliares de desenvolvimento infantil (-6,1%) e professores de ensino na área de didática (-5,1%).
Com o ensino presencial brecado pela pandemia, a área de Educação registrou a perda 72,2 mil profissionais no ano passado - uma contração de 4,0% na força de trabalho deste setor, calcula a CNC. Em termos relativos, o setor ficou à frente apenas das áreas de alojamento e serviços de alimentação (-13,5%) e da área de Arte, Cultura, Esporte e (- 10,1%). O setor mais negativamente impactado pela pandemia na geração de empregos formais foi o de Turismo, com queda de 37% em 2020, estima a entidade.
Do lado positivo, o isolamento social de parcela significativa da população impulsionou ocupações como auxiliares de logística (+28,1% ou 19.276 vagas), estoquistas (+19,1% ou 12.304 vagas) e embaladores de produtos (+12,7% ou 23.677 vagas) apresentaram taxas de crescimento de dois dígitos - bem acima, portanto, da variação média do emprego formal (+0,4%).
A agricultura - único grande setor da economia a crescer em 2020 - e a construção civil, impulsionada pelo aumento na demanda de unidades habitacionais ao longo do ano passado, também se destacaram entre as vinte principais ocupações no ano passado com avanços expressivos em ocupações. Foi o caso de trabalhadores na cultura de cana-de-açúcar (+24,4%), trabalhadores no cultivo de árvores frutíferas (+10,0%), montador de estruturas metálicas (+11,5%) e servente de obras (+10,2%).
A partir da segunda metade do ano, a recuperação do comércio com a flexibilização das medidas de isolamento abriu oportunidades em ocupações típicas do setor como atendentes de lojas e mercados (+13,0%), armazenistas (+11,9%), repositores de mercadorias (+8,0%) e vendedores em domicílio (+7,5%). A queda no consumo presencial, no entanto, provocou uma redução de 4,0% na ocupação de vendedores - segunda profissão mais demandada na totalidade do mercado de trabalho formal.
No setor terciário, ocupações relacionadas a serviços de entrega e ao atendimento remoto à população também foram destaques. São os casos de ajudantes de motorista (+11,1%), operadores de telemarketing receptivo (+10,4%), operadores de telemarketing ativo e receptivo (+9,3%) e carregadores de veículos de transportes terrestres (+8,5%).
A CNC destaca que, historicamente, variações extremas no nível de atividade econômica costumam ser acompanhadas de oscilações igualmente significativas no saldo entre admissões e desligamentos de trabalhadores celetistas. Em 2010, por exemplo, o crescimento de 7,5% na economia brasileira no pós-crise financeira global contribuiu para produzir um saldo positivo de mais de 2,5 milhões de postos formais de trabalho. Já a recessão do biênio 2015-2016 produziu as maiores contrações no contingente de trabalhadores com carteira assinada no País, com a perda de mais de 2,8 milhões de vagas.
O saldo positivo de 2020, no entanto, foi produzido a partir de dois ciclos significativamente distintos do emprego formal, ao longo do ano passado, explica a entidade no levantamento. Os números levemente positivos nos dois primeiros meses do ano foram rapidamente revertidos em perdas significativas de postos formais entre março e junho, quando, em quatro meses, foram eliminados mais de 1,6 milhão de postos de trabalho.
A partir de julho, o Caged passou a registrar uma melhora gradual, totalizando, até novembro, a abertura líquida de quase 1,5 milhão de novas vagas. De agosto em diante, todos os saldos mensais registraram recordes para os respectivos meses na série histórica, iniciada em 1992.
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