Governo não pode ser 'escravo do mercado', diz Mourão
Após o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), demonstrar irritação com o mercado financeiro, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse hoje, que o governo não pode ser "escravo do mercado".
Sobre uma nova rodada do auxílio emergencial, Mourão opinou que o chefe do Executivo é "obrigado a decidir" alguma forma de auxiliar a parcela da população mais prejudicada por conta da pandemia da covid-19.
"Em linhas gerais, ou você faz empréstimo extraordinário, aí seria tal do Orçamento de Guerra, ou corta dentro do nosso Orçamento para atender as necessidades. Não tem outra linha de ação fora disso", disse Mourão na manhã de hoje na chegada à vice-presidência.
Questionado sobre como o mercado financeiro receberia a possibilidade de um novo Orçamento de Guerra, Mourão respondeu: "Minha gente, a gente não pode ser escravo do mercado. Tem que entender o seguinte: temos aí 40 milhões de brasileiros em uma situação difícil. A gente ainda continua com a pandemia."
Ontem, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que representantes do mercado ficam "irritadinhos" com "qualquer coisa que fala".
A fala remete a preocupação de investidores com medidas em análise pelo governo, como a retomada do auxílio emergencial, que possam comprometer o teto de gastos e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Conforme o jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou, a equipe econômica considera mais três parcelas de R$ 200 do auxílio, desde que sejam aprovadas medidas de ajuste fiscal, como cortes de gastos com servidores, e uma base jurídica, como uma cláusula de calamidade ou uma nova versão do Orçamento de Guerra para permitir ao governo ampliar os gastos fora de amarras fiscais.
Segundo Mourão, dando aval ou não para novas parcelas do benefício, Bolsonaro será criticado. "Vamos lembrar, se ele disser que não vai auxiliar ele vai tomar pau, se diz que vai auxiliar vai tomar pau também. É uma situação difícil e julgo que ele vai buscar a melhor solução", declarou.
O chefe do Executivo indicou na quinta que o benefício tem "pressa" e já deveria começar a ser pago a partir de março e por até quatro meses.
Na visão do vice-presidente, o país ainda deve levar três ou quatro meses para ter "uma produção de vacina capaz de começar um processo de imunização consistente". E, enquanto isso, o governo segue em busca de alternativas para atender a população. "O presidente é obrigado a decidir alguma forma de auxiliar essa gente", disse.
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