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Congelamentos de preços não é uma saída, diz ex-presidente da Petrobras

Ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco - Fernanda Frazão/Agência Brasil
Ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco Imagem: Fernanda Frazão/Agência Brasil

Bruno Villas Bôas

Rio

25/03/2022 17h45Atualizada em 25/03/2022 18h56

Ex-presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco afirmou nesta sexta-feira (25) durante transmissão promovida pelo Instituto Millenium, que congelamento de preços "definitivamente" não é uma saída para os combustíveis e lembrou que o Brasil tem "larga experiência" em erros nesse tema, inclusive com a própria Petrobras.

Durante a transmissão, Castello Branco lembrou que a estatal fixou o preço dos combustíveis abaixo do praticado no mercado internacional de 2011 a 2014, resultando em perdas de US$ 40 bilhões para a companhia.

Ele lembrou que o principal acionista da Petrobras é o Estado, o que significa que a sociedade perdeu recursos com a desvalorização do patrimônio da empresa."A Petrobras perde, a sociedade perde", disse Castello Branco.

O ex-presidente da empresa afirmou, contudo, que existem "mitos" e "fake news" de que os preços dos combustíveis são muito altos no País. Ele disse que existiriam de 80 a 90 países com preços mais elevados em uma amostra de 160 países. E que essa posição se manteria mesmo tratando os preços pelo critério de paridade de poder de compra.

Ele descartou uma "nacionalização" da Petrobras como forma de manter preços baixos. A companhia seria insustentável como sociedade de economia mista, dividindo-se entre os interesses de acionistas privados e da União. Castello Branco acredita que o caminho seria o governo vender ações da Petrobras e torná-la uma corporation ("sem dono"), como a BR Distribuidora.

Fundos de estabilização

Para evitar repasses da alta do barril do petróleo para a gasolina nos postos do País, especialistas e o próprio governo estudaram a criação de fundos de estabilização. Castello Branco disse que esses fundos não seriam a melhor destinação para recursos públicos. Ele defende priorizar gastos com segurança e hospitais públicos, por exemplo.

O economista minimizou, porém, a relevância do debate sobre preço dos combustíveis.

"Em vez de ficar na conversinha de preços de combustíveis, deveríamos discutir o crescimento econômico, combate à pobreza, produtividade. Isso é o que temos que focar. Perder tempo com discussão de preço de combustíveis é um besteirol", disse ele.