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Filho sócio em consultoria pode inviabilizar Pires na Petrobras

Adriano Pires, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir o comando da Petrobras - Pedro França/Agência Senado
Adriano Pires, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir o comando da Petrobras Imagem: Pedro França/Agência Senado

Bruno Villas Bôas e Daniela Amorim

Rio

04/04/2022 11h12

Mesmo que se afaste de sua empresa, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o economista Adriano Pires poderia permanecer em potencial conflito de interesse no cargo de presidente da Petrobras por causa da presença de um de seus filhos no quadro societário e de direção da consultoria, segundo fonte ouvida pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Fundado em 2000, o Cbie se apresenta como uma consultoria especializada em regulação e assuntos estratégicos em energia. Nos quadros da empresa consta Pedro Rodrigues Pires, filho de Adriano Pires, como sócio diretor. A lei 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, veda que executivos dessas empresas tenham parentes em empreendimentos concorrentes.

Neste domingo, 3, o governo já teve um revés em relação à Petrobras. O presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, comunicou sua decisão de recusar a indicação para o Conselho de Administração da estatal. Landim integra a lista com outros 13 nomes indicados em março pelo governo Jair Bolsonaro e que inclui Pires para a presidência da empresa.

Segundo o Broadcast apurou, a ligação da consultoria de Pires com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), por exemplo, seria um ponto de conflito de interesse, mas não o único. Pires e a consultoria têm se recusado a divulgar publicamente sua lista de clientes.

Na sexta-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com pedido para que Pires não assuma a presidência da Petrobras antes de uma investigação do governo e da estatal sobre eventual conflito de interesse. Enquanto isso, o MP pede que o Tribunal proíba Pires de assumir a petroleira.

Na representação, o subprocurador-geral do MP-TCU Lucas Rocha Furtado disse ter identificado o conflito de Adriano Pires "tendo em vista sua atuação na iniciativa privada, a lançar dúvidas sobre a possibilidade ética e legal de vir a assumir a presidência da Petrobras".

Em entrevista ao site Poder360, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo manteria a indicação do economista para a presidência da Petrobras. Segundo ele, Pires estaria cumprindo os trâmites legais para a proposição do nome dele para a presidência da companhia. Conforme o site, esse também seria o caso do filho de Pires.

Caso o consultor, porém, siga o mesmo caminho de Landim e recuse a indicação para o cargo, o governo teria de enviar uma nova lista de indicados à Petrobras.

"Agora, dependendo do novo nome enviado pelo governo, as ações da Petrobras podem sangrar bastante na Bolsa de Valores. Investidores estavam acreditando que, com o Pires, a política de preços da companhia, que prevê a paridade com a cotação internacional, não sofreria qualquer mudança, já que é algo que o consultor defendeu a vida inteira", disse fonte ouvida pelo Broadcast.