Commodities e varejo levam FMI e bancos a rever PIB para cima
O conflito entre Rússia e Ucrânia explica tanto a revisão para cima do crescimento de alguns países, como o Brasil, quanto a queda do avanço mundial. A alta no preço das commodities pressiona a economia sobretudo da Europa, mas dá algum fôlego para países exportadores de grãos.
Para se ter uma ideia, as exportações brasileiras do agronegócio tiveram o maior valor para o mês de março da história, a US$ 14,53 bilhões, alta de 29,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O principal motivo foi o aumento de 27,6% nos preços praticados, segundo o Ministério da Agricultura.
No mercado interno, as vendas no varejo em fevereiro, por exemplo, tiveram alta de 1,1%, de acordo com o IBGE, acima das expectativas do mercado. Já em serviços, apesar da queda em fevereiro, os analistas ainda veem perspectiva positiva. "O setor de serviços está voltando a ir bem com o avanço da vacinação, e as pessoas estão se sentindo estimuladas a consumir fora de casa", diz Claudio Considera, pesquisador associado do FGV-Ibre.
Peso dos juros
Existe, porém, a avaliação entre os economistas de que essa melhora nos números poderá perder fôlego. "A partir do meio do ano, vemos uma contração maior da economia brasileira por causa do ciclo de alta dos juros", diz o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles. A instituição reviu de 0,5% para 1,5% o PIB deste ano, mas o de 2023 foi mantido em 0,5%. No caso do FMI, a projeção para o ano que vem foi reduzida de 1,6% para 1,4%.
A consultoria MB Associados também está em processo de revisão de seus números. A expectativa é de que o crescimento mude de zero para algo entre 0,5% e 1% no ano. Isso, no entanto, não quer dizer que as notícias devem ser tão positivas lá na frente.
O problema, diz o economista-chefe da MB, Sérgio Vale, ficará para 2023. Isso porque parte do crescimento deste ano também está sendo motivada pelo "pacote de bondades" adotado pelo governo, de olho na campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, como a liberação do saque emergencial do FGTS, a liberação do Auxílio Brasil e o aumento dos salários do funcionalismo.
"Ter algum crescimento é algo para se comemorar, mas é muito aquém do que poderíamos", diz ele. Pelos dados do FMI, o México deve crescer 2% neste ano, enquanto África do Sul e Índia devem avançar 1,9% e 8,2%, respectivamente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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