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BC se antecipou ao subir juros ante o que o mercado previa, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto - Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Imagem: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos

Brasília

31/05/2022 15h31Atualizada em 31/05/2022 16h05

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, alegou nesta terça-feira, 31, que a autoridade monetária se antecipou ao mercado no ciclo de aumento de juros iniciado em março de 2021. Desde então, a Selic passou de 2,00% ao ano para os atuais 12,75% ao ano.

"O BC se antecipou a subir os juros em relação ao que o mercado tinha previsto. A nossa inflação é alta, temos uma sensação de inflação muito alta, mas em parte porque a inflação mundial está muito alta. Não queremos nos eximir de qualquer responsabilidade, mas esse ponto não pode ser esquecido", argumentou Campos Neto, em audiência pública extraordinária na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.

O presidente do BC alegou ainda que a inflação projetada para 2023 no Brasil está convergindo para as bandas da meta perseguida pela autoridade monetária. "As expectativas de 2023 estão dentro de corredor de inflação ao contrário de outros países", completou.

Ciclo perto do fim, segundo o mercado

Campos Neto disse ainda que o mercado entende que ciclo de juros no Brasil está perto do fim. Ele lembrou que, como o mundo está com inflação alta e persistente, praticamente todos os bancos centrais estão subindo os juros.

"O Brasil foi o primeiro a iniciar esse movimento e a dizer que o problema de inflação era mais persistente. O Brasil subiu mais os juros e colocou em campo mais restritivo. Muitos países ainda estão com juros reais negativos, e por isso o mercado ainda espera que os países desenvolvidos subam muito os juros nos próximos meses", comentou o presidente do BC.

Crescimento global

Campos Neto considerou, porém, que a perspectiva de um menor crescimento global pode impactar a intensidade do aumento dos juros pelos Estados Unidos. "O Brasil é um dos únicos casos em que projeção de FMI de PIB subiu. A projeção de PIB do Brasil deve subir ainda mais, e o mercado já está entre 1,5% e 2%", destacou.

Campos Neto citou ainda que na China já se fala em crescimento de 3%. "Isso é importante para emergentes e Brasil. A perspectiva de economia mais fraca na China afeta preço de minério, que é importante para o Brasil", avaliou.

O presidente do BC apontou ainda que os índices de inflação das principais economias centrais parecem parar de desacelerar, com exceção do Reino Unido. "Grande parte dos países está no pior momento da inflação recente. Há piora de percepção global de inflação, Brasil está no meio (do gráfico) da piora. Há países melhores e países piores", completou.