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Transporte turbina inflação de mais ricos e alimentos a de mais pobres, diz Ipea

Gastos com transportes afetaram mais ricos e gastos com comida afetaram mais pobres - Renan Rodrigues/A7 Press/Estadão Conteúdo
Gastos com transportes afetaram mais ricos e gastos com comida afetaram mais pobres Imagem: Renan Rodrigues/A7 Press/Estadão Conteúdo

Daniela Amorim

Rio

21/11/2022 12h38

As famílias de renda mais alta foram as que mais sentiram o aumento nos preços da economia em outubro, especialmente pelo aumento de gastos com transportes. No entanto, os mais pobres ainda sofreram pressão sobre o orçamento vinda dos alimentos, informou nesta segunda-feira, 21, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que a inflação de outubro foi de 0,51% para o segmento de renda muito baixa e de 1,14% para o grupo de renda alta. Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses alcançou 7,95% na faixa de renda alta, e ficou em 6,73% na faixa de renda muito baixa.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, foi de 0,59% no mês de outubro e de 6,47% em 12 meses.

"Enquanto para as quatro classes de renda mais baixa os maiores impactos vieram dos grupos alimentos e bebidas e saúde e cuidados pessoais, para as duas faixas de renda mais alta os reajustes do grupo transportes exerceram a maior pressão inflacionária em outubro", apontou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras na Carta de Conjuntura do Ipea.

No caso do grupo alimentos e bebidas, mesmo diante da queda nos preços dos leites e derivados (-2,4%), dos óleos e gorduras (-1,8%) e dos cereais (-0,79%), os aumentos dos tubérculos (14,3%), das frutas (3,6%), dos farináceos (1,3%), dos panificados (1,0%) e de aves e ovos (0,97%) contribuíram positivamente para a inflação de outubro, sobretudo para as famílias de menor poder aquisitivo, indica o Ipea.

Em relação ao grupo saúde e cuidados pessoais, a alta dos artigos de higiene (2,3%) pressionou especialmente a inflação dos segmentos de renda mais baixa, ao passo que o reajuste dos planos de saúde (1,4%) impactou mais fortemente a inflação das classes de renda mais alta. Por fim, o aumento das passagens aéreas (23,4%) foi o principal responsável pelo impacto do grupo transportes sobre a inflação das faixas de renda mais alta, anulando, inclusive, o alívio vindo da queda de preços da gasolina (-1,6%) e do transporte por aplicativo (-3,1%).

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 1.726,01 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 17.260,14, no caso da renda mais alta.