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Boulos diz que Campos Neto é 'infiltrado' de Bolsonaro e faz 'boicote' à economia

Brasília

07/02/2023 16h47

Líder do PSOL na Câmara, Guilherme Boulos (SP) afirmou nesta terça-feira, 7, que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é um "infiltrado" do ex-presidente Jair Bolsonaro que faz "boicote" à economia com a manutenção da taxa básica de juros do País, a Selic, em 13,75% ao ano.

A bancada do partido, que apoia o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deve apresentar um requerimento de convite para Campos Neto explicar na Câmara a política de juros adotada pelo BC. O PSOL também vai protocolar um projeto de lei para revogar a autonomia da instituição, aprovada pelo Congresso em 2021.

"O Campos Neto é um infiltrado no governo Lula, um infiltrado do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, um infiltrado do Bolsonaro. É um cara que não deixa a taxa de juros baixar. Tem um interesse, na minha opinião, de boicote à economia, à geração de empregos, à retomada do crescimento econômico", disse Boulos, no Salão Verde da Câmara. "Não dá para você ter o povo escolhendo na urna um caminho e a política monetária ouvindo o mercado, não refletindo esse mesmo caminho. Isso é uma contradição e um problema desse modelo de autonomia do Banco Central", emendou o deputado.

A lei da autonomia do BC impede que Campos Neto seja convocado por parlamentares, o que levou à escolha do PSOL por requerimento de convite. No caso de ministros de Estado, os deputados costumam iniciar a pressão por meio de requerimentos de convocação.

Gleisi também critica BC

Mais cedo, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, endossou críticas de Lula à atuação do BC. A petista afirmou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) está "muito mais crítico" ao governo atual do que ao do ex-presidente Jair Bolsonaro.

"A nota divulgada pelo Bacen está muito mais crítica ao governo do que acontecia no ano passado, quando o Banco Central não deu um pio sobre as façanhas orçamentárias de Bolsonaro para se reeleger. Aliás, o 'mercado' também aquiesceu", escreveu Gleisi no Twitter.

A deputada fez referência a medidas que o governo anterior conseguiu aprovar no Congresso às vésperas da eleição, como o limite de 17% para o ICMS sobre combustíveis e a ampliação temporária do valor do Bolsa Família, chamado então de Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600. No ano passado, contudo, o BC fez diversos alertas sobre os riscos fiscais.

A declaração de Gleisi ocorre mesmo após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizer nesta manhã que ata do Copom, divulgada nesta terça, "veio melhor" e "mais amigável" que o comunicado da semana passada, após a decisão de manter a taxa básica de juros do País, a Selic, em 13,75% ao ano.

Na segunda-feira, ao sair de uma reunião com lideranças partidárias da Câmara, Haddad havia dito que o comunicado do Copom poderia ter sido mais "generoso" com as medidas de ajuste fiscal anunciadas pela equipe econômica.

Lula, por sua vez, vem fazendo críticas ao BC e a seu presidente, Roberto Campos Neto, há semanas. Durante a posse de Aloizio Mercadante no comando Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na segunda, o presidente da República disse que o nível atual da Selic é "uma vergonha" e "não tem explicação".