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Fed pode ter que subir juros a 6,5% para trazer inflação à meta, conclui estudo

Edifício-sede do Fed, o banco central dos EUA, em Washington, D.C. - Leah Millis/Reuters
Edifício-sede do Fed, o banco central dos EUA, em Washington, D.C. Imagem: Leah Millis/Reuters

Letícia Simionato

Em São Paulo

24/02/2023 17h53Atualizada em 24/02/2023 18h49

A política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central estadunidense) precisará ser mais rígida, com a taxa básica de juros podendo chegar até 6,5%, e o custo de reduzir a inflação para a meta de 2% até 2025 estará provavelmente associado a pelo menos uma leve recessão.

Essa é a conclusão de um estudo realizado por um grupo de economistas, que inclui o vice-presidente de pesquisa do Deutsche Bank, Peter Hooper, e o chefe de pesquisa dos EUA no JPMorgan, Michael Feroli.

Segundo o relatório, as estimativas consideram um modelo simples de três equações da economia para estimar quão alto se deve esperar que a taxa básica de juros suba para trazer a inflação de volta à meta nos próximos três anos e qual será o custo em termos de desemprego.

Dessa forma, o estudo destaca que a mediana da taxa de juros pode atingir um pico de 5,6% no segundo semestre de 2023, podendo também subir para 6,0% e 6,5%. "É importante ressaltar que, mesmo nos casos em que as taxas de juros são altas, a inflação permanece acima dos 2% do Fed no final de 2025", diz o texto.

Portanto, os pesquisadores inferiram que, mesmo assumindo expectativas de inflação estáveis, há dúvidas sobre a capacidade do Fed de arquitetar um "pouso suave" no qual a inflação retorne à meta de 2% até o final de 2025 sem uma recessão branda.

"Esse exercício nos leva a concluir que o Fed e outros bancos centrais terão dificuldade em atingir suas metas de desinflação sem um sacrifício significativo na atividade econômica", conclui o estudo.

Crítica ao Fed

O grupo de economistas também criticou a "falha" e o "erro significativo" do Fed em não agir preventivamente em 2021 diante de uma forte demanda. No entanto, para ele, o abandono do gradualismo em 2022 ajudou a estabilizar as expectativas de inflação.

"Se o Fed não tivesse descartado o gradualismo do último quarto de século em 2022, a política monetária estaria ainda mais atrasada, com a tendência da inflação e as expectativas de inflação em um caminho mais alto do que hoje. Ou seja, se os formuladores de políticas tivessem escolhido aumentar as taxas em incrementos de 25 pontos-base, o custo da desinflação necessária seria maior."

Por fim, o documento pondera que, desde que os formuladores de políticas mantenham uma postura restritiva até 2023 e possivelmente além, o Fed parece estar a caminho de se aproximar da meta de 2% em um horizonte razoável.

"Como o presidente Jerome Powell argumentou, o custo de uma flexibilização prematura provavelmente seria alto e, em nossa opinião, mais alto do que o custo de restrições políticas temporariamente excessivas", ressalta.