Endividamento das famílias se reduz porque renda cresce mais rápido, diz Rocha, do BC
Brasília, 07
07/11/2023 15h11
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta terça-feira, 7, que o endividamento das famílias tem se reduzido em 12 meses porque a renda tem crescido mais rápido que as novas dívidas.
O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de agosto em 48,0%, maior do que em julho (47,8%). Em 12 meses, entretanto, a queda é de 1,7 ponto porcentual.
O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,4% no oitavo mês de 2023, contra 30,2% em julho.
Segundo os dados do BC para o mês de agosto, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o mês em 27,5%. Em julho, o porcentual era de 27,6%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda se manteve em 25,5% no sétimo mês do ano, mesmo patamar de julho.
Crédito
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central disse que a taxa de crescimento do crédito ampliado está em desaceleração. "O crescimento em 12 meses, que já foi superior a 11% no começo do ano, agora está em 7,1%", destacou.
O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro caiu 0,5% em setembro ante agosto, para R$ 15,467 trilhões. O montante equivale a 147,0% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
O crédito ampliado inclui, entre outras, as operações de empréstimos feitas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as operações com títulos públicos e privados. A medida permite uma visão mais ampla sobre como empresas, famílias e o governo geral estão se financiando, ao abarcar não apenas os empréstimos bancários.
No caso específico de empresas, o saldo do crédito ampliado avançou 1,9% em setembro ante agosto, para R$ 5,458 trilhões. O montante equivale a 51,9% do PIB. "Os títulos têm se mostrado uma fonte adicional, complementar ou mesmo substituta do crédito bancário para as empresas. A participação do mercado de capitais vem crescendo, representando mais de 28% de todo o crédito disponível para pessoas jurídicas", completou Rocha.
Crédito para empresas
Rocha destacou que, ao contrário do que vinha ocorrendo em meses anteriores, o crédito para empresas foi mais dinâmico que o crédito para as famílias em setembro.
Ele explicou, porém, que esse crescimento dos financiamentos para pessoas jurídicas é sazonal, concentrado em desconto de duplicatas e recebíveis e antecipação de faturas de cartão.
O estoque total de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,8% para R$ 5,575 trilhões de agosto para setembro. Em 12 meses, houve alta de 8,0%. Em setembro ante agosto, houve alta de 0,3% no estoque total para pessoas físicas e elevação de 1,6% no estoque para pessoas jurídicas.
Considerando apenas o estoque do crédito livre, houve crescimento de 0,8% no nono mês de 2023, com estabilidade no saldo para pessoas físicas e alta de 1,9% para empresas. "O saldo de crédito mantém taxas positivas, mas desacelera em períodos mais longos", completou Rocha.
Juros
Rocha disse que setembro foi o quarto mês consecutivo de redução das taxas de juros das novas concessões de crédito. "É esperado que o ciclo de queda da taxa Selic seja transmitido para as taxas de juros das operações bancárias", avaliou.
A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 30,7% ao ano em agosto para 30,5% ao ano em setembro, o menor nível desde dezembro de 2022 (30,1%). No nono mês do ano passado, estava em 29,0%.
Em meio ao processo de queda da Selic, a taxa média de juros no crédito livre também mostrou redução em setembro ante agosto. O porcentual passou de 43,5% para 43,3% ao ano.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre cedeu, de 57,8% para 57,3% ao ano de agosto para setembro. No segmento de pessoas jurídicas, a taxa variou de 22,5% para 22,9% entre os dois meses.
"Em setembro, predominou a redução das taxas para pessoas físicas. Já o aumento da taxa média para empresas se deve ao efeito composição das carteiras", completou.