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Corte de juros em junho pode ser apropriado, mas julho não é garantido, diz dirigente do BCE

São Paulo

17/05/2024 14h30

A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, afirmou que um corte de juros em junho pode ser apropriado, dependendo dos próximos dados e projeções da zona do euro. Contudo, o cenário atual não garante outra redução em julho e exige postura "cautelosa" até que os dirigentes tenham certeza de que a inflação alcançará a meta de 2% em 2025, alertou.

"É muito cedo para dizer o que vai acontecer com a atividade econômica e não podemos nos comprometer previamente com nenhuma trajetória específica de juros", disse Schnabel, em entrevista ao jornal japonês Nikkei, reproduzida nesta sexta-feira pelo site do BCE.

De acordo com a dirigente, é necessário mais progresso na queda da inflação doméstica, que tem demonstrado persistência.

Para ela, o processo de desinflação está lento e parece "preso" aos efeitos secundários de pressões inflacionárias, ampliando a incerteza sobre o cenário econômico.

Schnabel defende que, ao invés de se comprometerem com uma trajetória de juros neste momento, os dirigentes adotem uma abordagem de múltiplos cenários. Se o avanço salarial desacelerar e a produtividade absorver os custos, o BCE poderá gradualmente reduzir as taxas de juros. Porém, se os dados não confirmarem um relaxamento do mercado de trabalho ou se houverem novos choques na oferta, o banco central terá que ser mais cauteloso e adiar o prazo para o retorno da inflação à meta.

A dirigente defendeu que há espaço de tempo "suficiente para analisar a recuperação da economia" e que o desafio para o BCE será decidir a partir de que ponto os juros poderão deixar o nível restritivo.

Ela também argumenta que "não é apropriado mudar a meta" de inflação em 2% neste momento para evitar danos a credibilidade do banco central.

Em relação aos riscos para a economia, Schnabel acredita que as tensões geopolíticas tiveram impacto nulo e não vê possíveis efeitos da "narrativa de divergência" entre os juros do BCE e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a economia da zona do euro. No entanto, "a fragmentação geopolítica representaria riscos de alta para a inflação no longo prazo, reduzindo a eficiência e a confiabilidade das cadeias de suprimentos globais", apontou.

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