Commodities e incerteza fiscal impedem Ibovespa de seguir alta das bolsas em NY

A semana começa com o Ibovespa em queda moderada, já que os índices futuros de ações norte-americanos avançam sutilmente. O recuo das commodities, decepção com medidas na China, a piora nas projeções de inflação no boletim Focus e o impasse em relação ao plano de corte de gastos do governo federal são alguns dos fatores que norteiam os negócios no início do pregão desta segunda-feira.

A liquidez pode ser reduzida a partir de hoje em razão do feriado no mercado de Treasuries, por conta da celebração ao Dia do Veterano nos EUA, e na sexta-feira, devido à comemoração da Proclamação da República brasileira. A semana tem divulgações importantes, como índice CPI norte-americano e ata do Comitê de Política Monetária (Copom), além de falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), inclusive do presidente Jerome Powell.

Na sexta-feira, o Índice Bovespa fechou com desvalorização de 1,43%, aos 127.829,80 pontos, em meio a elevadas incertezas fiscais, já que o tão esperado pacote de corte de despesas - prometido para depois do segundo turno da eleição municipal - ainda não foi concluído pela equipe econômica.

Além da pressão na Bolsa, o dólar subiu 1,07%, cotado a R$ 5,7359, na sexta, em linha com o exterior e por dúvidas fiscais no Brasil, e os juros futuros subiram, após a falta de conclusão da reunião entre ministros para discutir as questões fiscais. Hoje, tanto o dólar quanto os juros voltam a avançar. A moeda no mercado à vista chegou a tocar máxima a R$ 5,8164, mas arrefeceu o ritmo há pouco, embora continua com alta superior a 1,00%, ainda refletindo incertezas em relação ao novo governo americano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já está em Brasília, ao retornar de São Paulo, e espera-se que novos encontros sejam feitos para debater o projeto de corte de gastos e ordenar as contas públicas do País.

"A variável mais importante para a evolução da economia brasileira e para os preços dos ativos locais será a credibilidade do ajuste fiscal", afirma Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo.

Segundo ressalta em carta mensal antecipada ao Broadcast, o mercado segue na expectativa das medidas e, a despeito da prática pouco usual de chamar os representantes das áreas que terão cortes para a mesa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa ser pragmático e entregar um ajuste fiscal robusto que detenha o crescimento explosivo da despesa e da dívida, cita a Monte Bravo.

Sem uma redução dos riscos fiscais, o dólar pode passar rapidamente para R$ 6,00 e seguir em alta, estima a corretora. Isso geraria uma crise econômica grave, semelhante à fase terminal do governo de Dilma Rousseff.

Além da solução do quadro fiscal brasileiro, a Monte Bravo considera que o desenho do cenário e as perspectivas dos preços dos ativos dependem ainda do tipo de política econômica que o futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotará. Isso, diz, poderá influenciar o nível das taxas de juros americanas e a força do dólar.

O noticiário chinês também fica no radar, após na semana passada o mercado ter se decepcionado com o tamanho da medida de estímulo anunciado pelo gigante asiático. Além disso, hoje, a inflação chinesa relativa a outubro mostrou arrefecimento, elevando as preocupações quanto ao desaquecimento do país. Assim, o minério de ferro fechou com queda de 2,87%, em Dalian.

Já o petróleo recua acima de 2,00%, com o dólar forte. Isso prejudica as ações de maior peso na composição do Ibovespa - Vale e Petrobras. Às 10h43, Vale cedia 1,62% e contaminava os demais papéis do segmento de metais, com o maior recuo do setor sendo CSN On (-2,81%). Petrobrás On caía 0,33%, enquanto PN subia 0,11%.

Em meio à pressão nos juros futuros, algumas ações mais sensíveis ao ciclo econômico cediam, caso de Magazine Luiza e Lojas Renner, com 3,54% e 2,36% de quedas, pela ordem. Em contrapartida, Alpargatas subia 2,76%, liderando as altas, após ceder na sexta-feira.

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