Fazenda diz não termer impacto de investimentos no Brasil com mudanças propostas no IR

O secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, disse não temer impacto de investimentos estrangeiros no Brasil com as mudanças propostas no projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR). Em sua avaliação, o País continuará muito atrativo com o projeto.

"Grande parte do retorno de estrangeiro vem de ganho de capital e ele continua sendo isento no investidor estrangeiro", afirmou Pinto em entrevista coletiva sobre o projeto de lei que prevê a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

De acordo com o projeto, a tributação incidente sobre os dividendos também será devolvida caso a empresa que distribuiu os dividendos tenha recolhido o Imposto de Renda sem abatimentos, ou seja, na alíquota nominal de 34% (para a maioria dos setores), 40% (seguradoras) e 45% (instituições financeiras).

O Ministério da Fazenda argumenta que o intuito não é tributar os dividendos, mas considerar esses valores como parte da renda dos sócios e investidores na hora de tributá-los. Se eles forem enquadrados como mais ricos mas estiverem pagando o IR mínimo, não haverá tributação sobre os dividendos.

O argumento contrário à tributação dos dividendos sempre foi o de que as empresas são excessivamente tributadas e, caso fossem tributados os dividendos, haveria uma espécie de bitributação. Esse argumento bloqueou a tributação em tentativas recentes de reforma do IR, como a do governo Jair Bolsonaro.

Para se desviar desse argumento, a Fazenda afirma que, caso a empresa já tenha pagado o IR, a pessoa física não precisará pagá-lo. Para tanto, será feito um cálculo em que se soma a alíquota efetiva de IR da pessoa física e a da pessoa jurídica. Se os porcentuais superarem 34% (para a maioria dos segmentos), 40% (seguradoras) e 45% (instituições financeiras), o excedente será devolvido na restituição do Imposto de Renda.

"Aqui no Brasil, na pior das hipóteses, vai ficar em 34%", disse Pinto. "Então vamos continuar muito atrativos."

Estatísticas do BC apresentam número maior do valor de dividendos sujeito a retenção

O secretário explicou também que as estatísticas do Banco Central apresentam um número maior do que os dividendos que efetivamente estarão sujeitos à retenção do novo imposto mínimo sobre alta renda, já que agrupam na rubrica os valores dos Juros Sobre Capital Próprio (JCP).

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"As estatísticas do Banco Central, em geral, agrupam na rubrica de dividendos os Juros Sobre Capital Próprio. Porque tecnicamente, do ponto de vista do direito societário, o JCP é um dividendo. Então as estatísticas do Banco Central apresentam número maior do que os dividendos que efetivamente estarão sujeitos à retenção nesse imposto", disse ele.

O secretário não citou qual o número estimado pela Fazenda, mas afirmou que, para as companhias abertas, a maior parte da distribuição se dá na forma de JCP.

De acordo com Pinto, o JCP, que é grande parte da remuneração que é paga para estrangeiros no Brasil, não se altera com a criação do imposto mínimo para alta renda.

Além disso, o estrangeiro vai ter direito à devolução, assim como os domiciliados no Brasil, em relação à tributação da alíquota pessoa jurídica. "Então, por exemplo, se a pessoa jurídica que pagou o dividendo tiver uma alíquota efetiva de 34%, toda a retenção que foi feita no estrangeiro vai ser devolvida a ela, porque a empresa já pagou 34% no nível de imposto de renda da pessoa jurídica", explicou.

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