Ouro supera US$ 3.500 pela 1ª vez na história após ataques de Trump ao Fed

Os contratos futuros do ouro ultrapassaram hoje a marca de US$ 3.500 por onça-troy pela primeira vez na história, no segundo dia consecutivo de recordes, ainda em meio a preocupações sobre a independência do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) após novos ataques do presidente dos EUA, Donald Trump, ao chefe da instituição, Jerome Powell.
Às 7h08 (de Brasília), o ouro para entrega em junho subia 1,60% na Comex, a US$ 3.480,00 por onça-troy, após tocar mais cedo o patamar inédito de US$ 3.509,90 por onça troy.
Entenda
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estuda a possibilidade de demitir o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Jerome Powell.
Powell disse que tarifas de Trump são risco para as metas do Fed. O Fed é responsável por buscar manter os preços e o desemprego sob controle nos Estados Unidos. Essa semana Powell disse que a política de Trump dificulta a tarefa.
A administração está implementando mudanças políticas significativas e, particularmente, o comércio é o foco. Os efeitos disso provavelmente nos afastarão de nossas metas.
Jerome Powell, presidente do Fed
Em março, o Fed manteve a taxa de juros americana entre 4,25% e 4,5%. Foi a segunda reunião seguida de manutenção da taxa. Em janeiro, pouco depois da posse de Trump, o Fed já havia interrompido o ciclo de cortes iniciado em setembro de 2024. A decisão de março já era esperada, devido às incertezas geradas pela política econômica de Donald Trump.
Na ocasião, Trump criticou a decisão do Fed. Na rede social Truth Social, o presidente americano disse que taxas menores preparariam melhor a economia americana para as tarifas que entrariam em vigor em breve.
Logo no início de seu segundo mandato, Trump também criticou o Fed. "Se o Fed tivesse gastado menos tempo em DEI [sigla em inglês para diversidade, equidade e inclusão], ideologia de gênero, energia "verde" e mudanças climáticas falsas, a inflação nunca teria sido um problema", disse em publicação na rede social Truth Social, logo após a decisão do Fed que interrompeu a queda dos juros no país.
Trump já havia criticado Powell em seu primeiro mandato. Até então, os presidentes americanos mantinham uma relação discreta com o Fed e evitavam críticas diretas à autarquia.
Juros nos EUA
As taxas de juros dos EUA estão há alguns anos em patamar elevado para os parâmetros americanos. Desde a pandemia, quando a taxa chegou a ser de no máximo 0,25%, os juros subiram rapidamente entre 2022 e 2023, até chegar a um teto entre 5,25% e 5,5%.
Desde então, o Fed vem ensaiando reduzir os juros. Mas essa redução vem ocorrendo em ritmo mais lento do que o esperado inicialmente, devido a fatores como a inflação do país.
As incertezas geradas pelas tarifas de Trump têm impacto direto na inflação. Isso torna o cenário mais incerto para a redução dos juros. Com juros mais altos, a dívida dos Estados Unidos também fica maior. O tamanho da dívida americana é outra preocupação de Trump.
Trump pode demitir?
Powell foi indicado ao cargo pelo próprio Donald Trump. Ele assumiu o Fed em 2018, no primeiro mandato do republicano. Em 2022, o banqueiro foi reconduzido ao cargo pelo democrata Joe Biden. Seu atual mandato acaba em 2026.
O Fed é uma instituição independente do governo americano. O modelo é parecido com o adotado no Brasil a partir de 2021, quando passou a valer a independência do Banco Central brasileiro.
A princípio, o presidente não pode demitir um dirigente de uma agência independente. Mas o governo Trump briga na Justiça para derrubar essa proibição, que remonta a 1935, quando o Congresso americano passou a exigir uma justificativa do presidente para o afastamento de dirigentes de agências independentes.
Vale a pena investir em ouro?
Segurança é o principal motivo. Se o objetivo é proteger o seu patrimônio em vez de ganhos de curto prazo, o ouro pode ser uma boa opção, especialmente durante períodos de inflação alta. No entanto, se o seu foco principal é ganhar capital ou renda, pode haver investimentos mais adequados.
Ouro físico pode ser uma reserva de valor duradoura. Mas há riscos associados, como perda, roubo ou danos físicos ao metal. Além disso, há custos de armazenamento e seguro a serem considerados, e a decisão de investir ou não vai depender do perfil de cada pessoa, segundo Colares.
Aplicar em ativos que representam ouro é uma alternativa. É o caso de contratos negociados em Bolsa ou fundos de investimento em ouro. Esses investimentos permitem exposição ao preço do ouro sem a necessidade de lidar com o metal físico, e os riscos associados são geralmente mitigados, embora ainda exista o risco de volatilidade de mercado.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.