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Conheça o segredo de investimento de Buffett na Coca-Cola e na Heinz

30/12/2013 11h00

SÃO PAULO – Warren Buffett é conhecido por suas ideias ousadas e criativas de investimentos. No entanto, foi por motivos mais simples que um dos principais investidores do mundo escolheu investir na marca de ketchup Heinz e na de refrigerante Coca-Cola, afirma o colunista do site Motley Fool, Isaac Pino,

Ele identificou uma profunda conexão entre o produto e o consumidor, baseado no gosto, segundo Pino.

A ciência por trás dessa atração é complexa, mas essa também é uma das ideias de investimento mais simples que o colunista afirma ter visto.

Hambúrguer e refrigerante, segundo ele, são uma forte tradição norte-americana, e, pela perspectiva de Buffett, a Heinz e a Coca vão atingir os consumidores por mais um século ainda.

Para os que não sabem, diz o colunista, a familiaridade do Oráculo de Omaha com o setor de comidas e bebidas é grande. Quando jovem, um de seus trabalhos era vender Coca-Cola porta a porta em sua vizinhança.

Desde então, o investidor se interessou por esse setor várias vezes em sua trajetória. Hoje, a Berkshire Hathaway controla empresas famosas do setor, como a Kraft Foods e a Mondelez, além da Coca e da Heinz.

Nessas duas empresas Buffett identificou algo de especial. Ele percebeu que o sucesso das duas marcas nos anos 1990 dependia inteiramente em suas receitas próximas da perfeição.

A Coca e a Heinz atraíam consumidores pelo sabor e o segredo para o sucesso era uma ótima “amplitude de sabor”.

Em 2004 Malcolm Gladwell dissecou o conceito de amplitude, segundo Pino: “é a palavra que experts sensoriais usam para descrever sabores que são bem misturados e balanceados, que ‘desabrocham’ na boca”. Nenhum elemento se sobrepõe aos outros; ao invés disso, eles trabalham em perfeita harmonia.

Poucos competidores no setor chegam perto do sabor da Coca-Cola, essa é uma das razões pelas quais os três refrigerantes com maior market share no mercado norte-americano são a Coca, com 17%, a Coca-Cola Diet, com 9,4% e a Pepsi, com 8,9%.

O market share da Heinz também impressiona pois controla 60% das vendas de ketchup na indústria dos EUA. Sua competidora mais próxima, a Hunt, controla menos que 20% do mercado. Essa liderança vem também por uma ordem de sabores balanceados perfeitamente.

Indo mais a fundo, especialistas descobriram que o Ketchup da Heinz é uma das poucas comidas que estimulam todas as cinco sensações na boca: salgado, doce, azedo, amargo e umami (para os que não sabem, essa é a sensação que traz “corpo” para as comidas).

Tanto a Coca como a Heinz dão ao consumidor uma sensação que concorrentes têm dificuldade em substituir. Para Buffett e seu parceiro Charlie Munger essa característica era crítica.

Nas duas marcas Buffett achou produtos únicos com um apelo para o público que faziam sua principal vantagem competitiva. Enquanto é comum para os analistas apontar cadeias de suprimento mundiais ou grandes técnicas de marketing, o apelo ocupa um papel mais importante.

Um processo de engarrafamento e distribuição eficientes, por exemplo, faz o produto estar mais disponível, enquanto um marketing efetivo cria uma “associação” com o produto. Ambos ajudam a aumentar o market share e as margens de lucros, mas a preferência do consumidor dita se o produto merece ser comprado em primeiro lugar.

A profunda conexão entre sabor e marca determina a compra de um produto, em casos como refrigerante e ketchup, algumas vezes uma experiência satisfatória pode significar um consumidor por toda a vida.

Para Buffett, a ênfase está quase totalmente no produto e em sua única característica de repetir o consumo. Sendo ou não sendo saudável, cada vez mais pessoas fora dos EUA estão consumindo Coca-Cola. Ele acredita que o mesmo pode acontecer com o ketchup da Heinz.

O investidor espera que consumidores em outros países apreciem a Coca e a Heinz tanto quanto os da América do Norte, mesmo que com algumas mudanças de sabor. Com o enriquecimento dos países emergentes, mais pessoas vão consumir esses produtos, criando assim um ciclo virtuoso para essas duras companhias.