Gasolina subindo 6.000%? Bolívar caindo 37%? Isso ainda é pouco para a Venezuela, diz BofA
SÃO PAULO - Na última quarta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou a desvalorização da moeda local, o bolívar, e elevou os preços da gasolina pela primeira vez em quase duas décadas, como parte de uma estratégia para conter o agravamento da crise econômica do país.
Os valores são representativos: uma desvalorização de 37% da taxa de câmbio mais forte, a 10 bolívares por dólar. Já o aumento da gasolina entrará em vigor nesta sexta-feira, e foi de 1.328,5% para a gasolina normal e de 6.085% para a super.
"As medidas ficaram aquém do que seria necessário para estabilizar a macroeconomia", afirmou o economista do banco, Francisco Rodriguez. Maduro anunciou também um aumento de 20% do salário mínimo do país a partir de 1 de março, a reorientação dos controles de preços em uma lista de 100 produtos essenciais, o lançamento de um sistema de subsídios diretos e a reorganização da rede de distribuição pública de alimentos.
Para o economista, a desvalorização da taxa oficial está longe do que seria necessário para restaurar o equilíbrio para o mercado de câmbio. Maduro manteve o sistema de bandas cambiais, mas desvalorizou a taxa de câmbio mais forte do bolívar ante o dólar a 10 bolívares por dólar. Uma segunda taxa cambial, flutuante, foi estipulada em 203 bolívares por dólar. O modelo do BofA vê uma taxa de equilíbrio de 213 bolívares por dólar do bolívar forte.
Enquanto isso, aponta o BofA, a instabilidade macroeconômica continuará, com as medidas tendo pouco efeito no deficit do setor público consolidado.
"Dadas as grandes diferenças entre o oficial e as taxas paralelas, os incentivos de arbitragem, provavelmente, permanecem elevados e continuam a distorcer a alocação de recursos", afirma Rodriguez.
A contribuição do aumento do preço da gasolina para a melhoria fiscal é baixa, já que as receitas respondem por apenas 0,1% do PIB. "Estamos, portanto, esperar que o governo continue apelando para o financiamento do déficit através da inflação, alimentando a aceleração inflacionária".
Já a reorientação dos controles de preços em uma lista selecionada de produtos podem restaurar a liberdade das empresas e, assim, melhorar a alocação de recursos. " É importante ressaltar que, apesar da referência pelo bloqueio internacional das instituições financeiras, não havia nada no discurso para sugerir uma mudança no governo em relação a honrar obrigações de dívida internacionais. No entanto, as medidas estão muito longe do que nós pensávamos que teria sido necessário para estabilizar a economia, tornando-nos céticos de ver quaisquer melhorias no âmbito da atual política macroeconômica.
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