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"Mercado não pensou em como seria uma transição de governo", diz gestor sobre investimentos

10/03/2016 10h09

SÃO PAULO – Ultimamente, o grande gatilho do mercado brasileiro de investimento em renda variável e em renda fixa tem sido o fator político e, mais especificamente, os desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Na esteira do vazamento da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e da condução coercitiva para depor do ex-presidente Lula na semana passada, o dólar e os juros recuaram com força, enquanto a Bolsa avançou. No entanto, como ficaria o cenário em uma eventual queda da atual administração?

Paulo Bilyk, CIO (Chief Investment Officer) da Rio Bravo Investimentos, acredita que o mercado ainda não parou para refletir como seria um cenário no caso de um encerramento prematuro do mandato da atual presidente Dilma Rousseff (PT), que ele considera cada vez mais plausível. “Ainda não saberemos como aconteceria uma transição de governo e o mercado nem pensou nisso”, atesta.

O gestor explica que, no primeiro momento, uma queda da presidente traria efeitos semelhantes aos da semana passada, com queda nos juros e no dólar. Inclusive, ele comenta que reduziu sua posição em dólar no momento atual para captar esse movimento.

Para Bilyk, a entrada do vice-presidente Michel Temer (PMDB) no poder seria a transmissão mais segura e mais favorável ao mercado nesse momento. “O Temer teria o poder para fazer um governo de coalizão, tomando medidas econômicas corretas e, além disso, é um político muito experiente”, explica.

A chamada de novas eleições, por outro lado, poderia trazer consequências imprevisíveis e mais instabilidade para o país nesse momento. “Não há como saber o que aconteceria e isso pode trazer muita instabilidade para o mercado”, atesta o gestor. Além disso, Bilyk espera que, após um rali inicial com uma possível queda da presidente, haveria um arrefecimento no movimento de queda do dólar e de juros.

Em relação a uma trajetória de recuperação da economia brasileira, o gestor afirma que “as resoluções econômicas para que um crescimento volte a acontecer no Brasil são difíceis e imprevisíveis”.

Em relação ao investimento em fundos imobiliários, o gestor acredita que esse é um bom momento para investir neles. “Você consegue comprar excelentes escritórios por um valor muito baixo. Quem comprar esses fundos agora, daqui cinco ou dez anos vai ver seus investimentos e vai ficar feliz de ter feito essa escolha”, atesta.

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