Argentina dá ao Brasil a impressão (enganosa) de que é fácil virar o jogo, diz gestora
SÃO PAULO - Em relatório para comentar o desempenho do mês de fevereiro, a gestora Rio Bravo destacou o período bastante complicado e turbulento para a crise política no Brasil (isso antes mesmo da delação de Delcídio do Amaral vir à tona e a condução coercitiva e o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva).
No relatório, os gestores da Rio Bravo destacam que, no mês passado, ressurgiu a crise política em toda a sua extensão, em especial a partir dos desdobramentos aparentemente inesgotáveis da Operação Lava Jato. "As descobertas em torno do ex-presidente Lula e a prisão de João Santana mantiveram o governo sob imensa pressão e pareceram trazer o noticiário econômico para um terreno intermediário entre o secundário e o provisório", afirmam.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, exibe um estilo mais discreto que o de seu antecessor, Joaquim Levy, e não por acaso. Mas a eficácia na implementação de um programa, qualquer que seja, não se consegue ainda aferir, afirmam os gestores.
Em meio a tantos cenários ruins, para a Rio Bravo, "a melhor das más notícias do mês, ou quem sabe a pior entre as boas, é a desenvoltura com que se movimentou e o sucesso de público e de crítica do novo presidente argentino Mauricio Macri".
Eles apontam que a receptividade dos mercados, inclusive a julgar pelos indicadores de risco soberano, é tão boa – o EMBI da Argentina caiu de 750 pontos-base em janeiro de 2015 para 500 pontos-base - mesmo patamar do Brasil – "dá a impressão de que é fácil reverter as políticas heterodoxas e posturas anticapitalistas adotadas pelos argentinos durante vários anos".
Contudo, aponta a gestora, esta facilidade é enganosa, "como se observará mais adiante, quando toda extensão dos estragos deixados pelo casal Kirchner estiver mais claro".
Por outro lado, os gestores observam que resta viva, todavia, a mística do famoso “Efeito Orloff”, ou que a Argentina sempre antecipa as tendências brasileiras, e que em pouco tempo estaremos onde Macri hoje se encontra. "Talvez seja esta a única explicação para uma certa condescendência com os ativos negociados nos mercados brasileiros a despeito do acúmulo de más notícias", afirma.
Barbosa "feijão com arroz"
Voltando ao ministro da Fazenda, a Rio Bravo ressalta que é curioso como o afastamento do elemento estranho, Joaquim Levy, apenas produziu mais tensões dentro do campo de aliados ao governo, em meio às divergências sobre como lidar com a crise econômica.
A elevação da temperatura dos temas políticos deu a impressão de que a presidente desistiu da economia, afirmam os gestores, ao menos por ora, fazendo o “feijão com arroz".
Segundo eles, é difícil vislumbrar qualquer programa ou objetivo de médio prazo na gestão de Nelson Barbosa. "Ele é membro de uma equipe que fará o necessário para que a administração Dilma Rousseff não naufrague, mesmo que seja por conta de ameaças que venham de assuntos totalmente alheios à economia", afirmam.
"Desta vez, Nelson Barbosa não tem nenhum outro compromisso maior que sua lealdade à presidente. É incerto o que isso significa para a sua política econômica".
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