Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

6 eventos que agitaram este trimestre e os 4 eventos para ficar de olho nos próximos meses

31/03/2016 18h27

SÃO PAULO - O trimestre que acaba nesta quinta-feira (31) fechou como o melhor da Bolsa desde 2009, com 15,47% de alta. A disparada da Bolsa foi consequência principalmente da perspectiva de mudança de governo com o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff após informações novas divulgadas na mídia em março. Para o investidor saber se nos próximos três meses esta alta da Bolsa vai continuar, o InfoMoney elencou os principais eventos para ficar de olho. 

Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Jr., o mercado seguirá dois caminhos diferentes dependendo do andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Caso aprovado, o upside da Bolsa deve ser próximo de 10%, podendo o índice chegar ou até passar dos 55 mil pontos. Em caso contrário, deve haver uma reviravolta grande e a Bolsa cairá e o dólar subirá, embora com menos intensidade porque a moeda já está em tendência de queda em âmbito internacional. 

Ele também diz para o investidor ficar de olho em commodities e nas decisões de juros dos Estados Unidos. 

Veja os 4 eventos para ficar de olho no próximo trimestre:

Impeachment da presidente Dilma
O que é: A votação primeiro na Comissão de Impeachment e depois no plenário da Câmara dos Deputados do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para passar na Câmara, é preciso de dois terços dos votos. 

Por que acompanhar: O principal driver da Bolsa nos últimos tempos, e isso não deve ser diferente no próximo trimestre, tem sido a possibilidade de uma mudança de governo para que a política econômica migre para a ortodoxia. Para a maior parte do mercado isso só será possível com o impeachment. Segundo Faria Jr., o mais importante do processo deve ser definido nas próximas duas semanas, com o possível rompimento (ou não) de diversos partidos da base que atualmente negociam cargos com o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se Dilma conseguir atrair os pequenos partidos, a Bolsa vai desabar e os DIs longos vão disparar", afirma. Para explicar o quão crítico é isso, o diretor lembra que são 142 deputados só nos partidos PP, PR e PSD, que ainda não desembarcaram. Isso fora os aproximadamente 100 parlamentares de PT, PCdoB, PSOL e outros partidos de esquerda. Ou seja, considerando aquela margem de 172 votos considerada segura para barrar o impedimento, se o governo conseguir atrair para si apenas metade dos partidos que ainda não abandonaram o barco, ele já vencerá, com folga, a oposição. 

Decisões do Fed
O que é: O Federal Reserve, que é o banco central dos EUA, terá uma decisão de juros no dia 27 de abril e outra no dia 15 de junho. 

Por que acompanhar: Lá fora, o dólar tem caído contra as demais moedas por conta da perspectiva entre a maior parte dos  investidores de que o Fed não elevará os juros pelo menos até dezembro. "Na semana passada, o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, falou em três altas de juros este ano. Dois dias depois, a presidente da autoridade monetária, Janet Yellen, matou as chances disso acontecer ressaltando riscos internacionais e relacionados ao câmbio", recorda. Para ele, isso mostra as dificuldades para se realizar um aperto monetário nos EUA atualmente. Tudo isso conjugado ao fato de que em anos de eleição dificilmente o país toma decisões de aumentar as taxas e teremos eleições presidenciais em outubro.  

3. Decisões do Copom
O que é:
O Comitê de Política Monetária se reúne para decidir qual será a taxa de juros brasileira. Teremos duas reuniões no trimestre. Uma no dia 27 de abril e outra no dia 8 de junho. 

Por que acompanhar: É sempre bom olhar para o Copom, principalmente porque ele move os contratos futuros de DI, no entanto, este trimestre será muito mais de olhar comunicados do que as decisões em si, na opinião do diretor da Wagner. " O próximo passo do Copom será de cortar juros, mas não neste trimestre. Só há perspectiva de queda se o dólar recuar muito e a inflação continuar nesta trajetória de desaceleração. Algum indicativo de melhora do fiscal também seria importante para que pudéssemos realizar uma flexibilização monetária", explica.

Alta das commodities
O que é:
A continuidade da recuperação nos preços das commodities?

Por que acompanhar: Como a bolsa brasileira tem um peso importante de empresas ligadas a commodities como Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3; VALE5), Gerdau (GGBR4), CSN (CSNA3), Fibria (FIBR3), Suzano (SUZB5) e Usiminas (USIM5), tudo relacionado a estes produtos de baixo valor agregado acaba trazendo impacto na Bovespa. Com o Fed indicando que não vai aumentar as taxas, devemos ver aumentos nos preços do petróleo e do minério de ferro nos próximos meses. " O petróleo tem chances de fechar o ano em US$ 50", afirma Faria Jr.. Na sua avaliação, quem deseja assumir mais risco pode apostar em empresas boas que sofreram muito desde o fim do superciclo das commodities com a desaceleração do crescimento da economia chinesa. Ele destaca Gerdau e Vale como boas apostas e lembra que Petrobras ainda deve ser vista com cautela, já que ela pode sofrer uma capitalização e tem seu desempenho muito atrelado ao andamento do impeachment.

Relembre os 6 principais eventos do trimestre:

Copom
O ano começou com uma grande surpresa e muita turbulência no Banco Central após o primeiro Copom (Comitê de Política Monetária) de 2016 surpreender com a manutenção da taxa básica de juros. Em janeiro a expectativa era de que a autoridade monetária voltasse a elevar a Selic diante da resiliência da inflação, mas no primeiro dia do encontro, uma reunião com a presidente Dilma e uma nota do próprio Alexandre Tombini, após o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisar suas projeções para o Brasil. Estes dois estranhos fatos levaram a uma mudança de última hora, que culminou na manutenção dos juros em 14,25% - taxa que também foi mantida em março.

Um dos pontos que mais chamou atenção nos dois comunicados é a divergência da equipe, já que dois membros do BC, Tony Volpon e Sidnei Corrêa, votaram pela elevação da Selic em 0,50 ponto percentual.

Falas de Yellen
Depois de quase 10 anos, o Federal Reserve decidiu elevar os juros em dezembro do ano passado e iniciar um ciclo de aperto monetário para sair do contexto de juros zero como maneira de enfrentar a crise de 2008. No entanto, a direção da política monetária dos EUA que parecia clara começou a ganhar contornos bem nebulosos.

Os discursos da presidente do Fed, Janet Yellen, mudaram bastante a percepção do mercado ainda em janeiro diante de uma série de indicadores mostrando que a economia dos EUA pode não se recuperar de forma tão consistente quanto se esperava. Em fevereiro, Yellen disse que, se necessário, a autoridade poderá trabalhar com juros negativos. Em suas outras falas, a líder do Fed reforçou ainda mais o tom “dovish”, o que tem feito o mercado reduzir suas apostas em novas altas de juros tão cedo no país.

Apesar da visão dos investidores sobre os juros, a chair do Fed ainda deixa dúvidas no mercado por conta de suas falas sempre deixarem em aberto a possibilidade de elevar as taxas. Em geral, o que especialistas apontam, apesar da tendência de manutenção, é de que em cada reunião uma alta de juros está sempre na mesa e o que irá definir um novo movimento do Fed serão os indicadores econômicos.

Commodities
O ano começou com muito pessimismo do mercado em relação às commodities, que vinham de uma forte derrocada desde 2014, o que levou muitos especialistas a fazerem projeções catastróficas principalmente para o petróleo e minério de ferro. Isso, inclusive, teve grande impacto no Brasil, já que temos uma Bolsa muito ligada à estes ativos, com destaque para duas das maiores empresas do País, a Petrobras e a Vale. Em geral, analistas também explicam que a queda do dólar contra as principais divisas do mundo também é um fator importante para que o preço das commodities passe por uma recuperação.

No caso do minério, o ano tem sido de recuperação - mas ainda longe do auge da commodity - principalmente por uma série de estímulos e mudanças feitas pelo governo da China, maior mercado do produto. Enquanto no petróleo, o debate que tomou conta foi a proposta feita pela Opep e Rússia sobre uma possível redução na produção da commodity, o que poderia ajudar a sustentar os preços. Porém, este acordo ainda precisa da aprovação de outros países, como o Irã.

Dólar
O ano começou com a continuidade do cenário negativo visto em 2015, o que levou o dólar a atingir sua máxima histórica em fevereiro, superando R$ 4,20 no intraday diante da piora econômica e do agitado cenário político. Na época, muitos especialistas já projetavam que a moeda iria superar os R$ 4,50, podendo se aproximar rapidamente dos R$ 5,00.

Porém, uma mudança no ambiente político, com a perda de forças da presidente Dilma e o aumento da possibilidade do impeachment da petista, levou o dólar a inverter sua tendência e iniciar um movimento de forte queda, fechando o trimestre em seu menor nível desde agosto do ano passado, abaixo dos R$ 3,60.

Impeachment
Apesar de ainda em 2015 o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ter aceitado iniciar o processo de impeachment, enquanto o TSE analisa a chapa Dilma/Temer, o mercado, pelo menos até fevereiro, ainda não tinha motivos para se empolgar com um possível impedimento do mandato da presidente. Porém, aos poucos, diversas notícias sobre delações premiadas e investigações da Operação Lava Jato, começaram a pesar para o governo, até culminarem na bombástica capa da revista IstoÉ, em 3 de março.

Naquela data, a publicação trouxe detalhes da delação do senador Delcídio Amaral, que citou Dilma e Lula. Desde então, uma série de acontecimentos pesaram no ambiente político. No dia seguinte da publicação, a Polícia Federal realizou uma operação na casa do ex-presidente Lula e levou o petista para prestar depoimento. Além disso, o ministério público de São Paulo entrou com um pedido de prisão para ele.

Tudo isso, aliado à divulgação de escutas telefônicas de Lula, incluindo uma conversa com a presidente Dilma sobre sua nomeação para ministro da Casa Civil, começaram a derrubar as bases do governo, aumentando a chance da saída da petista do comando do País. Nos últimos dias, o PMDB deixou a base do governo, o que piora ainda mais o cenário por deixar Dilma cada vez com menos aliados na luta contra o impeachment.

Rating
Não chegou a ser uma surpresa e acabou até ofuscado pelo noticiário político, mas em fevereiro o Brasil teve seu rating rebaixado por duas agências diferentes em um intervalo de apenas uma semana.

No dia 17 de fevereiro, a Standard & Poor's rebaixou a nota soberana de "BB+" para "BB", mantendo a perspectiva negativa para a nota, o que significa que há uma chance do País ser cortado novamente em um futuro próximo. Em relatório, a S&P disse que vê este mais um ano de intensa contração econômica para o País, sendo que o crescimento deve retornar em 2017.

Poucos dias depois foi a vez da Moody’s, que cortou o rating brasileiro em duas notas, se tornando a última das três grandes agências a rebaixar o Brasil para grau especulativo, ou "junk". A nota foi cortada de Baa3 para Ba2 com perspectiva negativa.