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Conheça uma empresa pode saber tudo sobre você, mas prefere não guardar isso na manga

31/03/2016 16h49

SÃO PAULO – A FICO é uma multinacional que está em 90 países. No Brasil, tem um escritório desde 1998. Faturou, em 2015, US$ 839 milhões. Tem como clientes nada menos que 95% das instituições financeiras globais e protege mais de 2,6 bilhões de cartões de pagamentos. Mesmo assim, você provavelmente nunca ouviu falar nela.

“Até 2013, nossa unidade aqui no Brasil era apenas uma divisão de vendas de América”, explica Alexandre Graff, vice-presidente e diretor geral para América Latina e Caribe da companhia. “Agora, somos responsáveis pela operação de toda a América Latina e México: a empresa resolveu realmente investir e diversificar as operações por aqui”, explicou, em encontro com a imprensa nesta quarta-feira.

Trabalhando com o fornecimento de software analítico para tomada de decisões, a empresa usa dados de seus clientes – principalmente grandes empresas – para desenvolver soluções de análise preditiva, otimização de processos e motor de regra. Em palavras mais simples: a função da companhia é usar todas as informações pessoais dos clientes de uma empresa para melhorar o trabalho da mesma, seja melhorando a experiência do cliente, seja protegendo a si mesma. E isso pode acontecer em várias frentes.

“Normalmente, em períodos de crescimento de vendas, nossa função é principalmente a de otimizar as informações para atrair clientes e para mantê-los dentro das empresas”, explica Graff. “Na crise, a demanda muda, mas não deixa de existir: atuamos, por exemplo, de maneira a evitar que clientes com dificuldades financeiras fiquem inadimplentes, ou de maneira a tentar manter o interesse das pessoas em determinados produtos e serviços apesar do momento”, complementa. Entre os produtos mais difundidos da companhia está a solução de combate a fraude que cobre as operações de 90% dos cartões de pagamentos do mundo. 

Dados efêmeros

Embora lide com informações pessoais e dados financeiros de inúmeras pessoas no mundo todo, a FICO não possui base de dados. “Não temos dados de ninguém. Nosso trabalho é feito em torno de dados fornecidos pelo cliente e que retornam ao cliente. Nós mesmos temos a tecnologia para fazer essa análise”, explica Graff.

Isso vai contra a tendência das empresas de tecnologia que procuram angariar o máximo possível de informações para entender o perfil de consumo de seu público, mas passa também por uma questão de segurança. “Como muitos de nossos clientes são instituições financeiras, existe a opção de que todos os dados sejam criptografados: não faz sentido sabermos nomes e CPFs, precisamos sim desenvolver a melhor solução para o que o cliente demanda”, explica Fabio Goepfert, diretor sênior de pré-vendas para América Latina da multinacional.

Tecnologia

Diferentemente de outras grandes empresas, que podem temer a rapidez com que startups entram em seus mercados de atuação – caso dos bancos, principalmente - Graff explica que, para a FICO, quanto mais a tecnologia estiver presente no dia a dia, coletando dados, melhor.

“Nossa solução é aplicável tanto às grandes empresas quanto às pequenas startups”, comenta o executivo. “Já trabalhamos, por exemplo, com maneiras de traçar perfis de clientes que não possuem dados bancários, aproveitando, entre outras ferramentas, as redes sociais”, ele conta, ao ser questionado sobre fintechs e clientes desbancarizados. “A digitalização para nós é uma grande oportunidade”.

Agora, o grande foco da companhia é diversificar, enquanto finca de vez sua estrutura no Brasil. “Nenhuma empresa faz investimento sem contrapartida. Consideramos o Brasil uma grande oportunidade de crescer; e para nós, crescer é também diversificar nossas opções, conseguindo novos clientes e indo para outras indústrias”, comenta Graff.