Dilma paga preço desproporcional por "pedaladas", diz The New York Times
SÃO PAULO - A cobertura da imprensa internacional foi bem grande em relação aos eventos dos últimos dias. Nas últimas semanas, a presidente afastada Dilma Rousseff passou a fazer diversas entrevistas para veículos no exterior tentando vender a ideia de que o País está passando por um "golpe". E no primeiro dia de Michel Temer na presidência, o The New York Times fez um duro editorial criticando os acontecimentos.
A publicação americana defendeu que a presidente afastada pode "pagar um preço desproporcionalmente grande por irregularidades administrativas enquanto vários de seus detratores mais ardentes são acusados de crimes mais escandalosos". Para o jornal, embora seja discutível dizer se Dilma cometeu algum tipo de crime, não há evidências de que ela abusou do poder para ganho próprio.
Citando Temer e o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o New York Times sublinha as acusações que pesam contra os dois e lembra que o presidente interino pode vir a se tornar inelegível por oito anos caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ateste que houve financiamento irregular de sua campanha.
No caso de Cunha, a publicação cita que ele é um dos parlamentares mais empenhados na deposição de Dilma, além de ser réu em processo de corrupção, motivo que levou o Supremo Tribunal Federal a afastá-lo de seu mandato no Congresso Nacional. Com isso, o jornal levanta a ideia de que "os líderes brasileiros podem achar mais fácil removê-la para retomar a política de pagamento de propinas. Isso seria indefensável".
O New York Times afirmou ainda que as chamadas pedaladas fiscais de que Dilma é acusada foram cometidas por outros governantes sem que eles tenham sofrido o mesmo escrutínio. "Muitos suspeitam, porém, que os esforços para remover Dilma têm mais a ver com a decisão dela de permitir que procuradores sigam adiante com investigação de esquema na Petrobras", diz o texto. "O escândalo atingiu mais de 40 políticos, inclusive altos líderes do PT de Dilma".
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