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Por que o estrondoso prejuízo de R$ 16,5 bi da Petrobras não desanimou os analistas

11/11/2016 09h46

SÃO PAULO - O balanço da Petrobras (PETR3;PETR4), divulgado na noite da última quinta-feira, assustou o mercado à primeira vista. A estatal viu seu prejuízo líquido saltar mais de 4 vezes no 3° trimestre quando comparado com o mesmo período de 2015, para R$ 16,458 bilhões, em meio a impairment  (baixas contábeis) de ativos e de investimentos em coligadas no valor de R$ 15,709 bilhões .

A média das projeções dos analistas compiladas pela Bloomberg apontava  lucro líquido de R$ 1,6 bilhão .  No 2° trimestre deste ano, a estatal registrou lucro líquido de R$ 370 milhões.  Esse é o seu terceiro maior prejuízo da sua história, atrás do 4° trimestre de 2015, de R$ 36,9 bilhões, e do 3° trimestre de 2014, de R$ 26 bilhões, que incluía uma baixa contábil de R$ 47,3 bilhões. Os ADRs da empresa registram baixa de 5,22%, a US$ 9,80 no pré-market da NYSE. 

Contudo, ao contrário do que tudo indica, os analistas repercutiram positivamente o balanço da companhia.

De acordo com o Bradesco BBI, a Petrobras está "limpando" a casa. “Vemos o resultado positivamente”, com "iniciativas de redução de custos ocorrendo”. Os analistas apontaram, contudo, que o "enorme impairment” reduziu “drasticamente as chances de a empresa declarar dividendos este ano” e, com isso, o call para PETR4 em relação a PETR3 deve sofrer” no curto prazo.  “No entanto, dois eventos poderiam mudar esta situação: a aprovação pelos reguladores à venda de Carcara da NTS”, com aprovação que pode ser obtida até o final do ano. 

 O banco mantém recomendação outperform para PETR4. "A visão positiva” sobre a companhia “é baseada em um interessante caso de investimento risco-retorno, dividido em: uma estrutura de capital equilibrada resultante do crescimento dos lucros, cortes de capex, desinvestimentos e rolagem de dívida; regulamentação melhorada; e riscos limitados de perdas”, destacam os analistas.

O Santander também destaca que a execução de seu ambicioso plano de desinvestimento e a continuidade da aplicação de sua nova política de preços de combustíveis continuam a ser os principais catalisadores da ação da Petrobras. No trimestre, a q ueda no endividamento e forte geração de fluxo de caixa são os principais destaques”.

Já o BTG Pactual aponta que, apesar dos resultados da refinaria mais fracos do que o modelo, a Petrobras está no caminho certo para desbloquear o valor da venda de ativos e os campos de transferência de direitos. A recomendação do banco para os papéis segue de compra. 

A XP Investimentos aponta ainda que, "apesar do prejuízo inesperado, alguns dados operacionais e o fluxo de caixa livre foram os destaques positivos, além da redução do endividamento da empresa, com a gestão da mesma focada na meta de reduzir a dívida líquida / Ebitda dos atuais 4,07 vezes para 2,5 vezes no final de 2018.  Seguimos otimistas com o case da Petrobras, com redução da alavancagem financeira, foco em projetos que geram retorno, venda de ativos, menor interferência governamental e metodologia de preços de combustíveis".

O Bank of America Merrill Lynch aponta ainda que, excluindo os efeitos não-recorrentes, muitos indicadores ficaram acima do esperado. " O resultado é parte de uma esperada melhora nas tendências operacionais e de geração de fluxo de caixa livre. Contudo, a tendência tende a se enfraquecer no quarto trimestre, ante o esperado impacto negativo do Ebitda de R$ 3,2 bilhões com as duas reduções de preço dos preços da gasolina / diesel. Nós mantemos avaliação neutra sobre as ações da estatal. Apesar de alguns sinais positivos claros, nossa visão mais cautelosa, com recomendação neutra, é resultado de (1) a avaliação da ação em um prêmio modesto com relação aos pares, (2) a incerteza relacionada aos processos nos EUA, (3) o ainda elevado nível de endividamento, e (4) a dependência do preço do petróleo maior para o crescimento do fluxo de caixa futuro".