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Petrobras tem dia de forte volatilidade após leilão; papel varia de -3,5% a +5%

06/11/2019 17h01

As ações da Petrobras têm dia de forte volatilidade na B3, refletindo o humor dos investidores com o fluxo de notícias sobre o leilão do excedente da cessão onerosa realizado pela manhã.

Às 17h10, os papéis preferenciais da petrolífera (SA:PETR4) operavam perto da estabilidade, a R$ 29,63. As ações começaram o dia em alta, chegando a alcançar a sua maior cotação de R$ 30,70 às 10h50, uma alta de 3,5%, mas logo começaram a cair com o fluxo de notícias vindo do leilão do excedente da cessão onerosa. Na mínima do dia, as ações valiam R$ 28,10, marcando queda de 5%.

Na avaliação do economista-chefe da Necton, André Perfeito, houve uma decepção por conta da falta de demanda de estrangeiros na disputa. "É como se [o governo] tivesse dado uma festa, mas não veio ninguém", diz Perfeito.

No mega leilão do pré-sal, somente duas das quatro áreas (Itapu, Búzios, Sépia e Atapu) previstas foram arrematadas, em grande parte pela própria Petrobras. A Itapu foi adquirida sozinha pela petrolífera nacional, com bônus de assinatura de R$ 1,766 bilhão. Já Búzios foi arrematada com bônus de R$ 68,194 bilhões pelo consórcio formado entre Petrobras (SA:PETR4) e as estatais chinesas CNODC e CNOCC. No caso de Búzios, a estatal brasileira terá 90% de participação e será a operadora, enquanto as asiáticas terão 5% cada.

Com isso, a União irá arrecadar R$ 69,96 bilhões, valor menor do que os R$ 106,5 bilhões esperados, caso os quatro blocos tivessem sido arrematados.

"As ações da Petrobras até que estão reagindo bem. Estão sob controle", destaca Perfeito. "Na verdade, um dos movimentos mais importantes do dia é a reação do dólar. A divisa está subindo, pois se esperava uma entrada maior de dólares no país", acrescenta.

Às 16h50, o dólar avançava 2,10% em relação ao real, a R$ 4,07.

O analista de petróleo e gás da Tendências Consultoria, Walter de Vitto, diz que o fato de a Petrobras ter entrado "praticamente sozinha" no leilão significa que a petrolífera terá uma pressão de caixa de curto prazo. "Ela terá que pagar a maior parte do bônus de assinatura e, como não teve ágio, isso precisa ser pago até o final do ano", afirmou Vitto.

Analistas do Itaú BBA também veem aumento da alavancagem, já que a Petrobras terá que pagar R$ 29 bilhões em bônus de assinatura (o total de R$ 63 bilhões dos R$ 34 bilhões que deve receber do governo).

Vitto lembra que ainda tem todo o investimento de desenvolvimento das áreas nos próximos 5 anos. "É um esforço de caixa maior do que se o investimento tivesse sido diluído entre outros parceiros", diz.

Leilão do pré-sal dará sinal para governo

Para Vitto, o leilão de hoje (6) diz pouco sobre o apetite dos investidores, tendo em vista que já se sabia do favoritismo da Petrobras e da estrutura que a petrolífera já montou nessas áreas. "Porém, amanhã (7) essas áreas serão negociadas em condições de igualdade. Se houver frustração amanhã, teremos que parar para pensar", conclui Vitto.

Nesta quarta-feira (7), acontece a 6ª rodada de licitações de áreas do pré-sal sobre regime de partilha de produção.

(Com Reuters)