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Entenda a crise financeira dos Estados Unidos

Da Redação <br><br>Em São Paulo

31/03/2008 18h07

Financeiras americanas confiaram de modo excessivo em clientes que não tinham bom histórico de pagamento de dívidas nos últimos anos. Esse tipo de financiamento, de alto risco, é chamado de "subprime" (traduzido como "de segunda linha").

Os clientes davam como garantia suas casas, mas o mercado imobiliário entrou em crise em meados do ano passado. Os preços dos imóveis caíram, reduzindo as garantias dos empréstimos.

Com medo, os bancos dificultaram novos empréstimos. Isso fez cair o número de compradores de imóveis, agravando ainda mais a crise no setor, que começou a ser observada em julho de 2007.
O problema pode afetar o nível de emprego e o consumo, causando uma recessão geral na economia dos EUA.

Bancos transformaram esses empréstimos hipotecários em papéis e venderem a outras instituições financeiras, que também acabaram sofrendo perdas.

Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos anunciaram prejuízos bilionários, como o Citigroup e o Merril Lynch, que perderam quase US$ 10 bi cada um no 4º trimestre.

Como os EUA estão entre os maiores consumidores do mercado global, todo o mundo é afetado. Países que exportam para lá, como o Brasil, podem vender menos.

As Bolsas mundiais, incluindo a brasileira, sentiram o baque e tiveram perdas fortes nos três primeiros meses do ano. Na Europa e na Ásia, os índices de ações regionais tiveram o pior desempenho trimestral desde 2002.

Nos últimos meses, têm-se falado em "blindagem" da economia brasileira. O raciocínio é de que a demanda de países emergentes, principalmente a China, por matérias primas (setor em que o Brasil é forte) e o consumo interno aquecido ajudariam contrabalançar uma eventual redução de exportações para os EUA.

No plano financeiro, o inédito volume de reservas internacionais do Brasil, hoje próximo de US$ 200 bilhões, ajuda os investidores a manterem a confiança na capacidade do país de honrar suas dívidas.

Últimos golpes
No início de setembro, o Tesouro americano anunciou intervenção nas gigantes do setor hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac. Pelo plano, as duas companhias ficarão sob o controle do governo por tempo indeterminado, com a substituição dos executivos-chefes de ambas companhias e com um investimento de US$ 200 bilhões nas duas financiadoras de empréstimos imobiliários para mantê-las solventes.

Alguns dias depois, o quarto maior banco de investimentos dos EUA, o Lehman Brothers, anunciou que pretende pedir concordata na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York. O quarto maior banco de investimentos dos EUA informou que seu conselho de administração autorizou o pedido de concordata a fim de proteger seus ativos e maximizar seu valor.

O Bank of America, por sua vez, fechou um acordo de compra do banco de investimentos Merrill Lynch, que estava sob risco de quebrar, por US$ 50 bilhões, em uma transação que cria a maior companhia de serviços financeiros do mundo.

Em 17 de março, o quinto maior banco de investimento dos Estados Unidos, o Bear Stearns, recebeu uma proposta de compra, por parte do JPMorgan, de US$ 2 por ação, preço irrisório, 90% inferior ao do pregão anterior. O motivo é que a instituição quase entrara em colapso, justamente por conta de problemas com o crédito de alto risco.

Dois dias depois, um novo golpe nos investidores: o preço de commodities sofreu forte queda no mercado internacional, derrubando a cotação das ações das duas maiores empresas de capital aberto do país, a Petrobras e a Vale.

(Com agências)

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