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Silvio Santos vende PanAmericano e descarta se desfazer de outras empresas

Flávio Florido/UOL
Imagem: Flávio Florido/UOL

Carlos Iavelberg

Do UOL Economia, em São Paulo

31/01/2011 21h37

O banco PanAmericano, que pertencia a Silvio Santos, foi vendido nesta segunda-feira (31) ao BTG Pactual, banco de investimentos de André Esteves. A Caixa Econômica Federal também detém uma parcela do PanAmericano.

O empresário Silvio Santos confirmou a venda na noite desta segunda-feira, mas não informou o valor do negócio.

“Eu não sei as bases da negociação, isso foi tratado pelos meus advogados”, disse Silvio Santos na saída da sede do Pactual, na zona Oeste de São Paulo.

Nota divulgada pelo Pactual, porém, informa que foi adquirida a totalidade de ações do Grupo Silvio Santos no PanAmericano por R$ 450 milhões. A aquisição está sujeita a aprovação do Banco Central.

Silvio Santos disse também que seu Grupo não tem mais nenhum débito com o Fundo Garantidor de Crédito, e que não vai vender mais nenhuma empresa do conglomerado.

“A única coisa que foi vendida foi o banco”, afirmou. “As minhas empresas que estavam como garantia foram liberadas.”

“A televisão [o SBT] que vocês [jornalistas] queriam comprar não está mais à venda”, disse.

A venda do PanAmericano ocorreu pouco depois da constatação de que fraudes no banco causaram prejuízos de cerca de R$ 4 bilhões, e não de R$ 2,5 bilhões, como divulgado quando a crise estourou, em novembro do ano passado.

Questionado sobre a dívida do PanAmericano, Silvio Santos afirmou que não se importa com números. “[R$] 2 bilhões de dívidas, [R$] 4 bilhões de lucro, isso nada mais é do que zeros, que ficam à esquerda ou à direita”, disse.

“Eu fico muito contente que não dei prejuízo para ninguém. Tenho certeza que as ações do PanAmericano vão se valorizar.”

Já em novembro, reportagem da Folha informava que o rombo no PanAmericano e na empresa de cartão de crédito do Grupo Silvio Santos poderia ser maior do que os R$ 2,5 bilhões informados inicialmente. 

O rombo surgiu porque o banco teria vendido partes de sua carteira de crédito (empréstimos feitos) a outros bancos, sem dar baixa disso na sua contabilidade. Era como se contasse com um dinheiro que não existia mais.

Além disso, também há suspeita de golpe nos cartões de crédito. Quando um cliente pagava só parte da fatura, esse valor financiado era aumentado. A parte excedente seria desviada.

Também há indícios de fraudes na aplicação de CDB, que pagaria taxas muito acima das do mercado.

No último sábado, o PanAmericano havia anunciado que estava negociando sua venda. Em nota à Comissão de Valores Mobiliários (CVM),  que regula empresas com ações na Bolsa, a companhia comentou a possibilidade do negócio, mas disse que não havia nenhuma definição.

"Têm sido mantidos entendimentos, na última semana, acerca de uma possível negociação envolvendo a companhia e outras instituições financeiras, não havendo até o momento nenhum acordo formalizado", dizia a nota emitida pelo banco no sábado.

Em novembro, logo depois da revelação dos problemas, o banco negou que estivesse à venda. Na ocasião, foi divulgada nota à imprensa para negar essa informação. Segundo a nota de então, os controladores estabeleceram diretrizes para a construção de um plano de metas para os próximos meses, além de definirem a criação de plano de ação que permita transformar o PanAmericano no “maior agente de financiamento para pessoas físicas do país, nos segmentos em que atua”.

Socorro

A quebra do banco só foi evitada após o Grupo Silvio Santos assumir integralmente a responsabilidade pelo problema e oferecer os seus bens para conseguir um empréstimo nesse valor junto ao Fundo Garantidor de Crédito.

Como o fundo é uma entidade privada, não houve utilização de recursos públicos. O comando do banco foi trocado e passou a ser feita uma investigação para apurar se houver crime e quem foram os beneficiados.

No dia 10 de novembro, as ações preferenciais do Banco PanAmericano (BPNM4) despencaram 29,54% na Bovespa. Ao longo do dia, a desvalorização superou os 30%.

Em dezembro de 2009, a Caixa Econômica Federal havia comprado 49% do controle e 36,56% do total das ações do PanAmericano. A Caixa foi criticada por ter adquirido uma instituição com problemas, mas se defendeu, afirmando que havia sido feita auditoria.