Países do Bric nunca vão concordar sobre exportações, diz Ipea
Brasil, Rússia, Índia e China (o Bric) não podem ter consenso em negociações internacionais para diminuição de barreiras comerciais porque isso prejudicaria algum integrante do grupo, diz artigo divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) –órgão de pesquisa vinculado à Presidência da República.
“Os países têm estruturas produtivas diferentes. O Brasil tem estratégia ofensiva no campo agrícola e não pode almejar harmonizar com a Índia que, nesse sentido é protecionista. Harmonizar isso prejudicaria um dos dois”, afirmou Flávio Carneiro, autor do artigo, durante a apresentação do estudo.
O texto também cita as barreiras impostas aos produtos agropecuários brasileiros por Rússia, China e Índia como exemplo de conflito. Outro caso de incompatibilidade está no setor de "manufaturados não-agrícolas”, em que há, segundo o estudo, “concorrência importante aos produtos brasileiros não só na produção e na exportação chinesa, como também na indiana”.
Diferenças da participação de cada país no comércio mundial também justificam a impossibilidade de consenso. O Brasil, por exemplo, caracteriza-se por exportar produtos primários de baixo valor agregado (como soja) e tende a proteger mais sua produção de produtos que envolvem tecnologia “média” (como autopeças).
A China, por outro lado, exporta bens de alta intensidade tecnológica (caso de celulares e computadores) e diminui os tributos aplicados conforme aumenta a complexidade do produto que vai importar. Em comparação com os brasileiros, chineses aplicam altos tributos aos produtos de baixa tecnologia agregada (como carne, soja, frango e indústria agroalimentar em geral), descreve o artigo do Ipea.
O comportamento da Índia com relação a aplicação de tributos é parecido com o da China e mais distante do brasileiro. No entanto, quando o critério de comparação é a participação nas exportações mundiais, a relação se inverte: a Índia participou com 1% em 2009, muito perto do 1,2% atingido pelo Brasil. Já a China teve 10% de participação.
A Rússia é um caso particular entre os Bric: aplica impostos de forma homogênea aos produtos primários e tecnológicos. Além disso, é o único Bric não-integrante da Organização Mundial do Comércio (OMC), algo que atrapalha sua participação nas negociações.
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